quarta-feira, 31 de agosto de 2005

  Suspense

Bateu a porta. O estrondo ecoou no corredor. Várias luzes de apartamentos se acordaram. Aquele silêncio mortificante da noite fria de agosto era interrompido por um estrepitante ruído. De súbito, o medo tomava conta de todos aqueles que há pouco estavam dormindo. O que teria acontecido?
Enquanto isso, não muito longe dali, ele já estava entrando em seu carro, na garagem do subsolo do prédio, quando lembrou-se de que deixara o aquecedor ligado. "Merda."
Desfez todo o caminho percorrido. Voltou ao apartamento. O crepitar da chave, num silêncio engasgante de 3h da madrugada, pôde ser ouvido dois apartamentos acima. A criança que já não conseguia dormir desde o estrondo, vai então para o quarto, para a cama de seus pais, e por pouco não os flagra na concepção de mais um irmãozinho.
Ele apaga o aquecedor. Verifica outros dispositivos eletrônicos, fogão, computador, televisão. Tudo devidamente desplugado. A viagem seria longa. Tudo deveria ficar em seu devido lugar.
Desta vez, não bateu a porta: fechou-a delicadamente. Percebera passos em um apartamento vizinho. Talvez morasse perto de sonâmbulos lunáticos e psicóticos. Talvez uma mãe estivesse a amamentar o seu filho. Talvez estivesse ouvindo coisas.
Retornou ao carro. Ficou algum tempo sem fazer nada. Sem dizer nada. Sem pensar em nada. Quando estivera prestes a esquecer porque estava ali, um medo súbito tomou-se-lhe conta. Aquela garagem escura e vazia, fria e cavernosa, assustara-o, como nunca antes o tinha feito. E antes que aquele sentimento pudesse lhe fazer desistir de seus planos, ligou o carro e acelerou com tudo. Tinha de sair dali o mais rápido possível!
Em poucos instantes, ganhou a rua. Tomou cuidado de sair pelo portão da garagem cuja câmara de segurança estivesse estragada. Não queria correr o risco de ser reconhecido em seu carro. Principalmente depois do papel que seu carro desempenharia naquela noite.
Com um mapa em mãos, passou a traçar um trajeto que não percorresse pedágios e câmeras de segurança. Ia ser difícil chegar onde queria sem ser reconhecido. Era preciso inovar: parques e praças poderiam servir de atalhos engenhosos. Ainda bem que ninguém circulava pelas ruas da cidade em madrugadas frias de agosto. Estavam todos ocupados fritando seus miolos diante de lareiras, aquecedores, estufas. Poucos sofriam desse distúrbio incontrolável do sono chamado insônia.
Tomou todo cuidado para não ter de parar em sinais vermelhos, que quase se esquecera de dobrar na esquina certa. E então viu a luz indicativa de que era aquele o lugar que planejava chegar há dias. Estava escuro o suficiente. Ninguém iria perceber o crime que cometeria.
Entrou pela entradinha da esquerda. Olhava insistentemente para os lados, de modo a certificar-se de que não vinha ninguém. Qualquer deslize poderia ser fatal. Reduziu a velocidade. Baixou os faróis. Sentiu que alguém se aproximava, mas logo percebeu que tratava-se de um carro que passava velozmente pela avenida logo ao lado.
Quando estava no ponto final do trajeto, sorriu aliviado. A pior parte já passara. Agora era só questão de executar o plano, esconder o corpo, e voltar para casa. Não sem antes, é claro, tratar de apagar todas as evidências que permanecessem por seu carro. Era preciso tomar muito cuidado a partir de agora. Cuidado redobrado.
Parou o carro. Desligou o motor. A seu lado, uma janela de ferro deslizava lentamente. Tinha pouco tempo para desistir. Será que valeria a pena levar o plano adiante?
E então, uma voz quente e suave dirige-se a ele: "Faça seu pedido."
Não resistiu: comprou seu McLanche Feliz com a Hello Kitty, e voltou feliz para casa.

[tá, eu desisto... não sei fazer textos de suspense... :P]




terça-feira, 30 de agosto de 2005

  Meio ambiente

Da Constituição Federal:

Art 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

É nesse país que quero viver...
Não neste lugar onde o meio ambiente já está tão devastado ao ponto de isso se refletir no clima, e nem mesmo a previsão do tempo de um dia anterior é capaz de acertar o que no dia seguinte pode acontecer.

Alguém me acompanha numa viagem de arca até Marte?



  Pedágios urbanos

Gente, vamos ver pelo lado positivo. Se pedagiarem os centros das grandes cidades, isso vai desenvolver os arredores! Muita gente sai ganhando!

[Ao menos tentei... :P resgatar a temática do blog, e defender aquilo que parece inevitável... :P]



segunda-feira, 29 de agosto de 2005

  Chuva

Hoje matei aula. Fora o sentimento de culpa (que deveria existir, mas não há), não me arrependo.
Acordei normalmente às 7h. Um pouco de sono, mas nada que um café potente não resolvesse. Mas daí começou a chover (já estava chovendo antes, mas só fui adquirir consciência da intensidade da chuva perto da hora de sair) e comecei a me retrair. Chuva forte. Raios, trovões, etc. Minha garganta doía. Preguiça (sono não, tanto que demorei pra pegar no sono novamente). Sei lá o que passou na minha cabeça na hora, vai ver fiquei com medo de derreter com a água da chuva. E fiquei em casa: mas com a promessa de aparecer na segunda hora.
Então acordei 9h30. Vesti-me. Coloquei os livros dentro da pasta. E começou a chover novamente. Aaaah não. Mais chuva? Meu guarda-chuvinha não ia resistir não. Fiquei com medo. Esperando a chuva passar. Ela passou, mas lá por volta de meio dia :P E no fim matei aula por causa da chuva... Eta motivozinho fútil pra se matar aula!!
Somando o fato de que não fui à aula na sexta feira (nenhuma das aulas), posso me considerar uma "assassina" de aulas?
Mas, afinal, qual o sentido de estar presente em sala de aula? Quem diz que não fiquei (não fiquei mesmo) a manhã inteira lendo um livros de Filosofia e de Direito Constitucional??? Ein, ein? Presença física em sala de aula não quer dizer muita coisa... :}
É, estou quase convencida que matar aula não é algo tão ruim assim...
(palavra de quem não tinha matado nenhuma aula desde o recomeço das aulas, em julho _o|).
A propósito da chuva... parece que vai chover tudo o que tinha para chover no mês de agosto, setembro, talvez lá por outubro decida sobrar um pouco de água para cair. Está chovendo sem parar desde as 3h da madrugada, apenas com alterações de intensidade de gotas d'água, e variações quanto à proximidade (e fúria) dos raios e trovões. Mais um pouquinho e já começo uma rebelião para salvar a arca de noé...



sábado, 27 de agosto de 2005

  Quando a vida começa?

"Minha vida começa agora. Minha vida recomeça a cada segundo."

Encontrei essa frase vasculhando alguns cadernos velhos aqui em casa (em Bagé). É incrível como um simples olhar sobre o passado é capaz de revelar tantas coisas sobre nós mesmos.
Ignoro o contexto em que a frase foi escrita. Eu deveria estar passando por uma desilusão qualquer em minha vida, e simplesmente escrevi aquilo que me vinha à cabeça. E o interessante é perceber que isso se aplica ao momento atual que estou vivendo. Ou até mesmo a todos os momentos que vivo. A todas as vidas de minha vida. A todas as vidas. À vida.


O que é viver?
É chorar, é sorrir, é respirar, é curtir, é sofrer, é lutar, é sentir dor, é desistir?
É torcer, é amar, é cantar, é falar, é gritar, é escrever?
É entender, é tentar entender, é desistir de entender, ou é querer entender, não conseguir, mas mesmo assim persistir?


Quando a vida começa?
Na concepção? Na primeira pulsação? No primeiro chute? Lá pela quarta ou quinta semana de gestação? Quando somos, de um golpe, expelidos para fora? Quando respiramos? Quando nosso coração bate fora do corpo de nossas mães pela primeira vez? Quando cortam o cordão de vida que nos prende à de nossas mães? Quando nos colocam um nome? (Quando escolhem o nosso nome?) Quando a gente começa a perceber o mundo (a visão só se estabelece lá pela 6ª semana de vida...)? Quando adquirimos consciência de si (no momento em que percebemos que nós e o seio de nossas mães não são a mesma coisa)? Quando temos a primeira desilusão? Quando amamos pela primeira vez? Quando sofremos a desilusão do primeiro amor? Quando escrevemos sobre a vida? Quando simplesmente pensamos sobre ela?


Viver é algo tão simples, mas ao mesmo tempo tão complexo (ô frasesinha clichê!)... Se a vida viesse com manual de instruções (tecnicamente, vem... é só dar uma olhada na quantidade e variedade de livros que são publicados a cada momento), teria a mesma graça? Existe uma maneira de se viver? Há um jeito certo de agir?

Pois me reservo no direito de começar a viver a cada segundo. Como agora. Agora. Ago-. A. Não dá nem tempo de escrever, e a vida vai lá e recomeça...

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sexta-feira, 26 de agosto de 2005

  Pedágio

Pedágios. Reajustes. Reclamações, e blá, blá, blás.
E eu ainda não me decidi se pedágio é taxa ou tributo... :P

É justo quem trafega mais pagar menos? Não acho. Quem trafega mais, teoricamente causa maiores danos à estrada. Por um simples silogismo, deveria pagar até mais que os outros!

É lícito prover vias alternativas? Não sei. Estradas alternativas, até concordo. Se você não quer pagar, então que trafegue de início a fim do trajeto por uma estrada em piores condições. Mas desvios de pedágio são completamente imorais. A pessoa trafega na estrada pedagiada, usufrui de seus recursos, mas mesmo assim recusa-se a pagar. Fala sério!

É constitucional cercear o direito de ir e vir do cidadão? Creio que sim. É livre a locomoção em todo o território nacional. O que se restringe é a locomoção em veículo automotor Nada me impede de viajar, sem pagar nada, em um balão. E tem mais, quem já paga imposto sobre a propriedade de veículo automotor (IPVA), paga pra abastecer o carro (agora vão dizer que cobrar pela gasolina é cercear o direito de ir e vir?), paga para ter um carro... por que não pagar para usar as estradas?

É correto aumentar o preço dos pedágios? Essa pergunta fica sem resposta.

Aliás, por que "pedágio"? Ao que tudo indica, a locomoção a pé ainda não é proibida no país. Se eu quiser trafegar por uma estrada, mesmo pedagiada, usando os próprios pés como meio de transporte, não me cobram taxa alguma. O nome mais adequado não seria, como diz Baleeiro (ou Celso Bastos, já nem sei mais), "rodágio"? :P É algo para se pensar...

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  Para descontrair

Imperdível!! Leia a crônica "Velhinha de Taubaté (1915-2005)", de Luís Fernando Veríssimo.



  Sobre os aviões que caem

Dessa vez foi falha humana associada ao mau tempo: mais um avião caiu neste já trágico mês de agosto (foi o 5° acidente aéreo registrado). O avião da empresa aérea TransPerú colidiu contra uma montanha a poucos quilômetros do aeroporto *de sabe-se-lá-onde* em que iria fazer uma escala. Nem todos morreram. Mas já é o suficiente para instaurar o pânico nos ares. Será que ainda é seguro andar de avião? :P



  Muito livro, pouco tempo

Antes eu reclamava de excesso de tempo livre. Agora clamo por dias com mais horas! (Se eu mudar pro Unibanco, resolve?)
Pela primeira vez em 4 semestres, estou tendo literalmente 11 matérias. Todas requerem igual dedicação. Todas têm provas. Todas são interessantes. E ao mesmo tempo que isso é muito bom, é também muito ruim. Bom porque estou começando a me interessar pelos dois cursos, estou gostando das matérias que tenho (dizem que o começo é ruim, mas que depois melhora; parece que é verdade). Mas ruim porque tenho vontade de querer saber cada vez mais, mas me faltam recursos (temporais ou espaciais) para poder saciar essa fome de conhecimento.
Tente visualizar a cena: quarto típico de adolescente. Mural com fotos. Computador em posição de destaque. Cama encolhida a um canto (dormir é mera conseqüência). Porta sempre aberta. Cômoda cheia de apetrechos. Ursinhos de pelúcia. Sapatos, roupas espalhados por tudo. Telefone. E livros, muitos livros.
No chão, encontram-se 3 obras:
Direito Civil - Parte Geral (de Sílvo de Salvo Venosa) -- meu livro de Direito Civil. Tirei da estante há alguns dias para começar a estudar sobre negócios jurídicos (numa espécie de sentimento de culpa por não prestar atenção nas aulas), mas ainda não fiz mais do que folhear as páginas e ler os títulos.
O Óbvio e o Obtuso (de Roland Barthes) -- esse daí já tá virando meu "livro do semestre". Peguei logo no começo das aulas, por sugestão do professor de Foto, mas com interesses semióticos. Ler o livro já li. Agora estou em processo [lento e demorado] de releitura, procurando entender (e apreciar) o que o Barthes quis dizer em cada ensaiozinho do livro. Mas a parte que fala de fotografia já está devidamente lida, resumida e "deglutida" =) O livro foi retirado na biblioteca da UCPel, e já virou rotina ir a biblioteca toda semana para renová-lo.
Direito Internacional Público (de Adherbal Meira Mattos) -- está aqui para me lembrar de que tenho de começar a fazer o bendito trabalho de Direito dos Tratados sobre a OMC. E é um dos poucos livros que já peguei na biblioteca do Direito em toda a minha vida universitária... :P
Estrategicamente posicionado na cabeceira da cama, está o livro Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez. Está sendo minha leitura "por prazer", leio um pouco antes de dormir, um pouco quando estou cansada, um pouco quando estou feliz, um pouco quando estou triste, um pouco quando entediada... enfim... Daqui uns cem anos eu termino :P
Em cima da cômoda está o livro Esto por Ahora, de Andrés Rivera. Já li um pedaço, mas resolvi deixar para continuar [e recomeçar] quando estiver com bastante tempo livre para ir traduzindo as palavras mais complicadas do texto. Os dois últimos ganhei de aniversário, há, sei lá, 10 dias atrás. (O tempo passa lentamente rápido às vezes.)
Na sala ainda tem outros livros que ainda nem toquei, dois específicos sobre a OMC (da biblioteca da UCPel), um manual de Direito Constitucional (também da biblioteca da UCPel), na pasta da Comunicação está o livro Princípios de Marketing (Philip Kotler) e na minha pasta do Direito há o livro Filosofia do Direito, de Dourado Gusmão (da biblioteca da UCPel). Comecei a lê-lo durante as aulas de Civil. Mas não estou certo quanto a este ser um tipo de leitura que me agrade...
Também estou lendo (em ritmo de tartaruga, e por pura curiosidade sobre o tema) o livro Semiotics for Beginners, de Daniel Chandler. É bem interessante. Queria ter mais tempo para me dedicar a ele ;~

Na minha lista de 'próximas leituras' (como se isso tudo já não fosse o bastante), incluem-se as obras 1984 (George Orwell), O Breve Século XX (não lembro o autor, mas já tenho a localização dele na biblioteca anotada, para quando tiver um tempinho para ler), Dos Delitos e das Penas (Beccaria), Crime and Punishment (Dostoevsky), Madame Bovary (Flaubert), A Viuvinha, Lucíola (José de Alencar), e outros livros aleatórios. Alguém aí estaria a fim de me doar algumas horas por dia? :P

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quarta-feira, 24 de agosto de 2005

  Teoria da Pena

Hoje na aula de Direito Penal o professor de Filosofia (!) falou da Teoria da Pena. Foi interessante aprender sobre qual a função das punições no Direito sob a ótica de um filósofo.
Segundo ele, há quatro teorias que tentam responder à indagação: "Por que se pune?". A primeira delas garante que a pena tem um caráter exemplificativo (a punição serve de exemplo para que outros não venham a cometer o mesmo delito -- fala sério!). Outra explicação seria dizer que a pena é uma retribuição a um bem lesado que goze da proteção do Estado (o que incluiria a proteção à vida... mas e o que dizer de quando um Estado declara guerra a outro? Eles simplesmente desconsideram as vidas envolvidas, vidas estas que eles deveriam estar protegendo?). Uma terceira teoria fala da ressocialização dos criminosos (eles teoricamente pagam o débito que têm para com a sociedade cumprindo a pena, e retornam ressocializados. Só que essa mesma sociedade repugna tanto os delitos que dificilmente aceita de volta em seu seio uma pessoa condenada, estendendo a pena a toda a personalidade do delinqüente e pondo por água abaixo a teoria da ressocialização). A quarta solução seria atribuir às penas o caráter de preventivas, ou seja, pune-se para que as pessoas evitem de cometer o delito. Mas, se fosse mesmo assim, os crimes deveriam ter deixado de existir já lá pela Idade Média, visto que as penas desse período eram tão cruéis que deveriam servir para desestimular quem quer que quisesse cometer um crime, qualquer que fosse.
Há quem diga que a ética e a religião seriam capazes de pôr um freio à criminalidade desenfreada. Mas não há como se ter certeza disso. Pode-se dizer que a ética influi. Mas não explica na totalidade. Pode-se dizer que uma sociedade regida por leis éticas e religiosas é até mesmo mais severa que uma eventual punibilidade por penas (pois cerceia o direito de pensar).
O professor, por fim, propõe uma saída bastante original para justificar por que punimos: ao punirmos um criminoso, projetamos nele nossas próprias impulsões. Punimo-lo por ter tido a coragem (ou falta de consciência) de exteriorizar seus instintos de agressividade. Punindo o outro, estamos punindo nossos pensamentos: punimos a nós mesmos! :P

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  Princípio da Insignificância

Ver essa notinha do jornal me fez lembrar da ex-professora de Direito Penal, que insistia para que adotássemos a postura 'pro réu' sempre que possível fosse:

Da ZH de hoje, página 3:

Bagatela
Dois homens que roubaram seis frangos congelados de um frigorífico de São Paulo tiveram liberdade decretada pelo Superior Tribunal de Justiça. Em ocasiões anteriores, o STJ libertou uma mulher que furtou um xampu e um condicionador no valor de R$ 24 e um homem que levou quatro desodorantes, num total de R$ 9,96.
O que surpreende não é o curioso das histórias, mas que estas bagatelas acabem chegando a uma das mais altas cortes do país e ocupando o tempo de seus ministros.


Mais um crime completamente inútil acaba de chegar à última instância de julgamento de crimes no país, sem a mínima necessidade. Era muito mais simples se o juiz que estivesse decidindo em primeira instância simplesmente alegasse o Princípio da Insignificância, e "condenasse" os culpados a restituírem o objeto furtado. Simples.

Não tenho muita autoridade para falar, porque errei a questão da prova que versava sobre o assunto. Na minha santa e inocente visão de mundo, sonegar R$ 4.500 da previdência era um crime. Mas, aparentemente, não passa também de uma bagatela para os cofres públicos (!).

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terça-feira, 23 de agosto de 2005

  Politicagem

Do cenário político atual do Brasil, só me interessam os aspectos formais. Não me interesso pela política em si, só por como ela funciona. Pouco me importa quem recebia mensalão de quem, ou quem foi o último a renunciar por suspeita de corrupção.. Apenas passo os olhos pelas páginas do jornal dedicadas ao assunto diariamente, em busca de pequenas notas, breves reportagens e ementas. Ver depoimentos na televisão? Isso é coisa para quem não tem o que fazer, sinceramente. No mínimo está em busca de ter o que falar. Vão querer me convencer de que alguém, de fato, está realmente interessado em ouvir um depoimento de Delúbios e Lamas da vida, que se desenrola por horas e horas, sem que se diga nada com nada? O que o povo quer é ter motivo para conversar! (tá bem, estou exagerando um pouco... "Generalizar é sempre uma coisa perigosa".)
Bom, numa dessas olhadelas pelo jornal, acabei me fixando hoje num dos editoriais da ZH de hoje. Lá fala da questão da distinção entre o que é fato, e o que é apenas denúncia. Muitos jornalistas, ávidos por notícias, acabam ultrapassando as fronteiras da ética e do bom senso, e divulgando denúncias como fatos. O que se tem a fazer, como diria nosso ilustre presidente da república em mais uma de suas curiosas metáforas, é "aprender a separar o joio do trigo": evitar de comprar como fatos certos aquilo que apenas se especula.
Isso me fez lembrar da aula de Direito Financeiro (!) de hoje. Foi a única aula que tive dessa matéria e que realmente gostei, já que o professor se deteve a falar de princípios constitucionais por quase a totalidade da aula (e foram raros os assuntos realmente ligados ao mundo das finanças públicas). Em aula, um dos princípios que mais me chamou a atenção foi o Princípio da Publicidade, que está expresso em um artigo da CF/88 que trata dos princípios regentes da Administração Pública. De acordo com ele, uma das metas a serem atingidas é a da publicidade total de todos os atos realizados pelo poder público. Entretanto, a natureza de um princípio, embora almeje chegar ao extremo de suas predições, é a de atuar em conjunto com outros princípios, que o ponderem. Logo, esse caráter de publicização deve ser restringido por outros princípios, como o da dignidade humana (da pessoa envolvida em escândalo), da presunção de inocência (do momento da denúncia até que se comprove o fato, o acusado é presumido inocente) e do princípio da privacidade, intimidade. É certo que a corrupção política no Brasil deve ser escancarada, todos devem ter acesso a esse tipo de informação. Mas também tem se mostrado fundamental a tarefa de selecionar o que deverá ser publicado. Todos os envolvidos no(s) escândalo(s) são inocentes, até que se prove o contrário...

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  A Pata da Gazela

Baseado no conto "A Cinderela" e na fábula do leão amoroso de La Fontaine, José de Alencar, em sua obra "A Pata da Gazela", esboça um retrato irônico e crítico da sociedade brasileira do século XIX.
A história é bastante singela: um rapaz jovem e sedutor (Horácio) encontra um pé de botina caído na calçada e a trama se desenrola na tentativa dele, e de outro rapaz (Leopoldo) que também observava a cena, de descobrir quem é a dona daquele sapato.
Os dois rapazes apresentam posições antagônicas na história: um cultiva o amor pelo conteúdo, apesar de acreditar que a jovem possui um pé aleijão (pata de elefante) que vira se recolhendo à carruagem. O outro cultiva o amor pela forma, pela parte, ao acreditar que a moça dona da botina é dona de um pé pequeno e perfeito, uma pata de gazela. O que não sabem é que na carruagem estavam duas grandes amigas, Amélia e Laura, ambas envergonhadas por causa de seus pés (uma o tinha muito pequeno, e a outra, em proporções fora do normal).
Ambos acham que a pessoa que viram é Amélia.
Leopoldo vê o pé aleijão subindo na carruagem, entra na sapataria e vê um sapato de mulher sendo feito numa fôrma com proporções descomunais. Associa uma coisa a outra, e o primeiro sentimento que tem é de nojo. Mas com o tempo aprende a amar Amélia, apesar do pé defeituoso.
Horácio, por sua vez, chega ao extremo de pedir Amélia em casamento, apenas para ter a oportunidade de ver seu pé. Mas afinal, qual dos dois estará certo? Leia o livro :P
O final é surpreendente! (apesar de a história ser bastante previsível...)

Alguns trechos interessantes da obra:

"Se o dono da botina, o sonhado pezinho, se mostrasse desde logo, não produziria o mesmo efeito; não teria o sabor do desconhecido, que é irmão do proibido."

"Que saudades tinha da sua dúvida! A dúvida, pensava ele, é ainda um raio de esperança!"

"A memória apresenta às vezes um fenômeno curioso; conserva por muito tempo oculta e sopitada uma impressão de que não temos a menor consciência. De repente, porém, uma circunstância qualquer evoca essa reminiscência apagada; e ela ressurge com vigor e fidelidade."

"Nesse momento ela desejava, se possível fosse, esconder-se dentro de si mesma."

"A ilusão é a única realidade deste mundo".

"O leão deixou que lhe cerceassem as garras; foi esmagado pela pata da gazela."

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domingo, 21 de agosto de 2005

  Festa: a diversão em tempos modernos


Música alta. Ambiente fechado. Tudo escuro. Centenas de cabeças pulando. Luzes coloridas: amarelo, azul, violeta, enfim, todas as cores do arco-íris -- menos branco, já que, como diz o professor de Foto, a mistura de todas as cores tira o clima e o efeito.
Espelhos por todos os lados, como numa vã tentativa de recordar a todos o seu papel no mundo, como uma maneira de manter todos presos à realidade, apesar da aparente ficção. Dois telões ficam passando imagens que nada têm a ver com a música que toca.
Fumaça resultante da sublimação de anidrido carbônico sólido, combinada com aquela que sai das chaminés humanas. Muita gente fumando. Impossível respirar. Garrafas vazias de cerveja a rolar no chão. Os amigos chegam para conversar, tentam falar alto, e você apenas sorri e concorda, resignado, fingindo entendê-los.
Hora da dança com coreografia. Todos pisam em seu pé no meio de um pulo coletivo que você insiste em não participar. Não entende a alegria dos outros. Ou melhor, entende: tudo isso é fruto do álcool. Mas você não bebe. E precisa ficar olhando insistentemente para os reflexos redondos do teto, que mais parecem bolhas estourando no ar, como única alternativa para lhe proporcionar momentos de alegria interna.
Em um dado momento, sente as pernas doerem. Por que você sucumbiu à ditadura da moda e decidiu ir de salto alto e bico fino para esta festa? Esse questionamento faz você repensar todas suas atitudes desde o dia em que empurrou o coleguinha do pré pelo escorregador -- a primeira memória de que você tem lembrança. Quando você está prestes a concluir que o mundo é um verdadeiro caos, algum apressadinho derrama um copo de cerveja em você. Ele até ensaia um pedido de desculpas. Você finge aceitar. Mas é só ele dar as costas que começa a xingá-lo de tudo quanto é nome. E seus "amigos" que estão na volta apenas sacodem a cabeça, usando sua tática de fingir que ouvem o que acontece no mundo a sua volta.
A festa começa a lotar. (Ou só agora você percebe o quanto está cheia.) Calor. Suor. Bafo. Começa o empurra-empurra. A toda hora e a qualquer momento sua dança é interrompida por pessoas sem noção querendo transformar em parte de seus trajetos o lugar onde você está. Você se irrita, pois estão invadindo o "seu espaço pessoal". Mas quem foi que disse que algo naquela festa lhe pertencia?
Cansado, decide ir embora, e descobre que há uma fila de pessoas na mesma situação: ninguém agüenta mais a festa. E você é igual aos demais.




sábado, 20 de agosto de 2005

  O que é Comunicação?


No livro "O que é Comunicação", Juan Bordenave trata de traçar um esboço do mundo da Comunicação, com uma linguagem fácil e partindo de situações simples, como uma singela feira livre de bairro.
Não há como evitar de comparar este livro com o outro que li do mesmo autor há não muito tempo atrás ("Além dos Meios e Mensagens"): ambos possuem basicamente a mesma estrutura, mas não falam exatamente a mesma coisa. No capítulo referente ao mundo dos signos, por exemplo, "O que é Comunicação" parece ser bem mais detalhado, entrando em minúcias quanto às diferenças entre conotação e denotação.
A obra fala da Comunicação enquanto processo, o qual não há como determinar ao certo onde começa e quando termina, nem ao menos como ocorre. Mas apesar de ser algo tão complexo de se definir, ao mesmo tempo é algo extremamente simples: fazemos comunicação o dia todo, em todos os lugares, a todo momento, do bom dia ao boa noite.
O capítulo referente à história da linguagem é bem interessante. Fala da evolução da língua desde os primeiros grunhidos do homem até chegar na arbitrariedade dos signos.
E no final, o autor ainda encerra a obra com uma lista de indicações de leitura para quem deseja se aprofundar em algum dos temas tratados no livro.
Só não se espante com o tamanho do livro: é pouco maior que uma embalagem de CD. Mas o que lhe falta nas dimensões, está no conteúdo: o livrinho é tão bacana que compensa as 360 horas de conexão que foram necessárias para sua compra pelo Navegue e Ganhe do Ibest.

Autor: Juan E. Díaz Bordenave
Livro: O que é Comunicação
(O que é - Coleção Primeiros Passos - Uma Enciclopédia Crítica)
Editora Brasiliense

[o próximo passo é adquirir "O que é Semiótica", ou "O que é Jornalismo" :P -- ou "O que é Direito", "O que é Filosofia", "O que é Fotografia"... enfim, a coleção toda! \o/]

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  Site de Gilmore Girls

Decidi que vou retomar as atualizações do meu site de Gilmore Girls... Ele tem um bom tráfego*, mesmo sem atualizações (já deve fazer mais de ano que não atualizo o site... só mudo de vez em quando os textos da página inicial).. vale a pena ser reativado =)
A idéia inicial é transformar a primeira página do site em um blog (para facilitar as atualizações).

* Média de visitas sem atualização = 400/dia
Com atualizações = 1200/dia
Google AdSense - atualmente, o saldo na conta é de 50 dólares (são necessários no mínimo 100 para receber o dinheiro).
Atualizar gera mais visitas, que gera mais cliques, que gera mais receita, que gera mais vontade de atualizar, num círculo vicioso sem fim de entretenimento e diversão... \o/

Dá até para esquecer o detalhe básico de que eu não disponho mais de TV a cabo para assistir aos episódios da série... :P



sexta-feira, 19 de agosto de 2005

  Crimes bizarros

Se fôssemos levar ao pé da letra o que diz a Lei de Contravenções Penais (decreto-lei n° 3.688, de 3 de outubro de 1941), muita gente que anda solta por aí deveria estar na cadeia. Vejam só o que dispõe os artigos 59, 60 e 62:

Vadiagem
Art. 59. Entregar-se alguém habitualmente à ociosidade, sendo válido para o trabalho, sem ter renda que lhe assegure meios bastantes de subsistência, ou prover a própria subsistência mediante ocupação ilícita:
Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses.
Parágrafo único. A aquisição superveniente de renda, que assegure ao condenado meios bastantes de subsistência, extingue a pena.

Mendicância
Art. 60. Mendigar, por ociosidade ou cupidez:
Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses.
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de um sexto a um terço, se a contravenção é praticada:
a) de modo vexatório, ameaçador ou fraudulento;
b) mediante simulação de moléstia ou deformidade; [será que vale apelar para mamãezinha doente?]
c) em companhia de alienado ou de menor de 18 (dezoito) anos.

Embriaguez
Art. 62. Apresentar-se publicamente em estado de embriaguez, de modo que cause escândalo ou ponha em perigo a segurança própria ou alheia:
Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa.
Parágrafo único. Se habitual a embriaguez, o contraventor é internado em casa de custódia e tratamento.

A Lei de Contravenções Penas foi publicada um ano depois do Código Penal, servindo de complemento a este. Ela trata apenas de pequenas infrações penais, cuja pena máxima cominada não ultrapasse 5 anos.
[correção a pena máxima é de 5 anos (e não de 2, como dizia antes)... quem mandou eu não conferir antes de postar ahuahua :P]

Para entender a doidice dessas penas descritas, é preciso se levar em conta a data da publicação da lei (em 1941). Mas a parte mais bizarra disso tudo é uma resolução, de não muito tempo atrás, que define que o crime de mendicância é inafiançável. Arrã... se o cara é mendigo, como que ele vai ter dinheiro algum para pagar a fiança? (:P)



  Somente para maiores

O filme "Madagascar" recebeu proibição de exibição para menores de 18 anos (mesmo que estejam acompanhados) na cidade de Joinville-SC. O motivo: mensagens subliminares com apologia a drogas -- em dois momentos do filme, há alusão a "balinhas azuis", que poderiam remetar aos comprimidos de ecstasy.

Não lembro dessas cenas no filme (assisti no começo de julho), mas acredito que se for mesmo assim, não custaria nada deixar mais explícito do que se tratam as tais balinhas azuis, para não dar margem a interpretações "subliminares". Mas também, se forem começar a procurar mensagens escondidas em expressões ambíguas em tudo quanto é coisa, todos os filmes acabarão sendo proibidos para menores... :P



  Frase do dia

"Dinheiro não contabilizado não tem contabilidade."

Delúbio Soares, em seu depoimento longamente inútil para alguma CPI qualquer...
(Página 10 da Zero Hora de 19/08/05)



quinta-feira, 18 de agosto de 2005

  Nova versão para o advogado trocando uma lâmpada

CONTRATO
P. Quantos advogados são necessários para trocar uma lâmpada?

R. Não sei, mas o contrato seria algo mais ou menos assim:

O primeiro contratante, também conhecido como "Advogado", e o segundo contratante, também conhecido como "Lâmpada", dão por certo e concordam com os termos do seguinte contrato, pelo qual a segunda parte (Lâmpada) se obriga a ser removida de sua posição atual, como conseqüência de sua inaptidão para cumprir contrato anteriormente realizado entre estas partes, i.e., a iluminação da área que começa da porta da frente (norte), atravessando o corredor de entrada, terminando na área próxima ao living, delimitada pelo começo do carpete, sendo que qualquer excesso de iluminação corre por conta da segunda parte (Lâmpada), não cabendo quaisquer ônus para a primeira parte (Advogado), caso não haja sua autorização expressa. Esta transação de remoção inclui os seguintes itens, embora não se limite a eles:

1. O primeiro contratante (Advogado) deve, por meio de uma cadeira, escada ou outro meio de elevação, segurar o segundo contratante (Lâmpada) e rotacioná-la em sentido horário - este ponto sendo inegociável.

2. Após encontrar o ponto em que o segundo contratante (Lâmpada) se separa de um terceiro alheio a este contrato (Bocal), a primeira parte (Advogado) passa a ter a opção de dispor da segunda (Lâmpada), colocando-a na situação que lhe aprouver, nos limites da legislação federal, estadual e municipal.

3. Uma vez efetivada a separação e a acomodação da segunda parte (Lâmpada), a primeira parte (Advogado) tem a opção de iniciar a instalação de uma quarta parte (Nova Lâmpada). Esta instalação deve ocorrer de acordo com um procedimento semelhante e inverso ao descrito na cláusula primeira deste instrumento, sendo importante observar que o sentido de rotação deve ser no sentido anti-horário - sendo este ponto também inegociável.

4. As cláusulas acima podem ser ou não realizadas, ao alvedrio da primeira parte (Advogado), ou por terceiros autorizados por ele através de instrumento legalmente reconhecido, sendo as dúvidas resolvidas no sentido de maior proveito para a quinta parte envolvida, também conhecida como "Escritório de Advocacia".


Do site www.professorsoares.adv.br



  A verdadeira profissão de deus

Um jornalista, um filósofo, um biólogo e um arquiteto estavam discutindo sobre qual seria a verdadeira profissão de Deus. O filósofo disse.
- Bem, acima de tudo, Deus é um filósofo porque ele criou os princípios nos quais o homem vive.
- Ridículo, disse o biólogo. Antes disto, Deus criou o homem e a mulher e todas as coisas vivas, de maneira inquestionável, portanto Deus é biólogo.
- Errado - complementou o arquiteto - Antes de criar os seres vivos, Deus criou o céu e a terra. Antes da terra só havia confusão e caos, disse o arquiteto procurando justificar a profissão de Deus como arquiteto.
- Pois é, falou o jornalista. De onde vocês acham que veio o caos?

Fonte: http://www.douradosnews.com.br/boavida/boavida.php?id=18&col_des_id=73



  Piadas de jornalistas

P: Quantos advogados precisa para trocar uma lâmpada ?
R: Quantos você pode pagar ?

P: Quantos editores precisa para trocar uma lâmpada?
R: 4. Um pra trocar a lâmpada, e 3 para revisar.

P: Quantos repórteres precisa para trocar uma lâmpada?
R: 5. Um pra trocar a lâmpada e 4 para distorcer a notícia.

P: Quantos joranlistas precisa para trocar uma lâmpada?
R: 3. Um para trocar a lâmpada e 2 para criticar.


Mais piadas de jornalista clicando aqui. :P
Para piadas de advogado, clique aqui.



  Loterias

Nota da página 3 da Zero Hora de hoje (18/08/05):

Dose Dupla "Essa é para deixar feliz quem gosta de lidar com estatísticas. Uma família francesa ganhou duas vezes na loteria nacional, jogando os mesmos números.
Em 3 de agosto, ganhou cerca de 1,5 milhão de euros (US$ 1,8 milhão), usando a mesma seqüência numérica que já lhe rendera um prêmio em 1978."


Enquanto eles ganham duas vezes, a gente fica na esperança de um dia vir a ganhar ao menos uma vez na loteria, mesmo sem nunca comprar o bilhete :P


Na mesma página que fala dessa família feliz, há também uma notinha falando de uma moça que trabalha em uma lotérica de Santa Catarina que encontrou um bilhete ganhador da quina abandonado e colocou um anúncio no jornal em busca do ganhador. O prêmio é de R$ 15 mil.
Esta sim merece ficar com o dinheiro. Este sim é um exemplo de honestidade. (diferente do caso do carinha que encontrou 200 mil em uma maleta com identificação no início do mês já-não-me-lembro-onde e virou exemplo de "honestidade" ao devolver o dinheiro -- há um relato sobre o caso alguns posts atrás, quem tiver curiosidade, é só conferir.



  Alemão por correspondência

Hallo!
Ich bin.... ich bin... Da bin ich!
(Und wer bist du?)


Uma dica para quem quer aprender um idioma sem sair de casa (e sem pagar caro, sem dor e sem sofrimento): o site do canal alemão Deutsche Welle possui uma seção com lições de alemão para brasileiros que queiram aprender a língua. São ao todo 3 níveis, Básico, Intermediário e Alemão para Negócios, com arquivos de texto acompanhados das lições gravadas em áudio. É bastante interessante.
Estou no começo do "livro 2" do nível básico, e ainda não me arrisco a fazer uma frase sequer em alemão... Nem escrita, muito menos falada! Mas espero que a longo prazo possa reconhecer termos alemães em textos para a faculdade (que era meu objetivo inicial ao procurar métodos alternativos de aprender sobre a língua).

Há algum tempo atrás também andei fazendo uma ou duas lições virtuais de francês. Mas o site que dispunha os arquivos de texto e áudio acabou saindo do ar em seguida (ou ainda existe, mas em sistema pago... não lembro ao certo). Enfim. Vou esperar para ver se a "faculdade-centro de línguas" de Direito vai abrir aula de Francês (já tem Alemão, mas em horários insalubres e com preço pouco convidativo)...

Outra dica para quem quer aprender alguma língua virtualmente (não importando qual) é acessar este site e ficar por dentro da língua Quenya, especialmente criada por J. R. R. Tolkien para os elfos em sua série "O Senhor dos Anéis", e que eu tive que 'aprender' para a aula de Semiótica :P



  Mudei de opinião

Mudei de opinião sobre a proposta de elaboração de uma nova Constituição no Brasil. Depois de ler alguns textos que foram publicados na Folha de S. Paulo ainda esta semana, acabei me convencendo que a solução para o Brasil é investir na Constituição vigente, tratando de pôr em prática muitos dos dispositivos que estão ali, mas ainda dependem de legislação complementar para serem regulamentados e efetivamente aplicados. No máximo concordaria que talvez fosse tempo de revisá-la por completo (mas dentro dos padrões normais de revisão constitucional, sem privilégios por conta do período de instabilidade -- como uma eventual redução do quórum para aprovação de emendas). As opiniões lidas (e confrontadas) eram de grandes constitucionalistas brasileiros (como Paulo Bonavides e José Afonso da Silva). Se eu encontrar o link para as reportagens, ou a data exata de publicação, coloco aqui para mais pessoas poderem ler... Vale a pena!
--
Também são relevantes acerca do tema os artigos publicados na Zero Hora de dois dias atrás, um sugerindo o Parlamentarismo, e o outro dando uma solução inusitada para o país: a Monarquia Parlamentarista. Neste último, destacam-se os argumentos adotados para tal sugestão: ora, um rei não depende de mensalão para se manter no poder, muito menos de uma base aliada, ou de qualquer tipo de partido político -- apenas de "sangue azul". E, de quebra, a separação dos cargos de chefe de governo e chefe de estado (que no presidencialismo convergem na figura do Presidente) já acabaria com metade da burocracia no país (enquanto o rei fica viajando pelo mundo, o primeiro ministro fica em Brasília decidindo o futuro do país).
Então tá. Se for pra fazer uma nova Constituição, então que seja para modificar o regime vigente para a Monarquia Parlamentarista... :P Do contrário, que siga como está, que já está de bom tamanho!



  Trabalhar desde cedo

A aula de Perspectiva Ético-Antropológica de hoje foi deprimente. Nunca me senti tão mal por não ser proveniente de uma família de descendentes de alemães protestantes (Lutero é protestante?) que incentivam seus filhos a trabalharem desde cedo. De fato, nunca me senti tão mal por nunca ter trabalhado. Nunca me senti tão mal por ter pais com dinheiro suficiente para permitir aos filhos o privilégio de somente estudarem (sem precisarem trabalhar para custear a educação).
Fiquei até tentando recordar fatos na memória que se assemelhassem com trabalhos, só para me sentir menos culpada por não adquirir consciência de mim mesma mediante a troca com outros seres vivos através do trabalho... e consegui lembrar das vezes em que digitei coisas para familiares (pedidos de açúcar para o meu pai, provas para minha mãe, textos e lâminas para minha irmã...). É, posso dizer que no fundo (bem no fundo, no fundo do fundo, ou até mesmo no fundo do fundo do fundo) eu já trabalhei :)
(UFA! Não sou uma completa inútil...)



  Tarde (im)produtiva

Passei a tarde toda lendo um livro de Normas da ABNT...
Com tanto livro na minha lista de leitura, e uma pressão psicológica intensa para decidir qual será o próximo a ser lido (Gabriel García Márquez ou Andrés Rivera?) acabei caindo nas graças e na tentação de ler um livro que nunca antes me passou pela cabeça a vontade de abrir, mesmo que a longo prazo seja algo necessário: "Manual para Normalização de Publicações Técnico-Científicas". Sim. Passei a tarde toda lendo um livro sobre regras da ABNT.
Enquanto eu estava lá, tri envolvida em como se cita um cara que foi citado por outro, ou como fazer referência a um texto sem autor, pessoas morriam de fome no mundo. Enquanto eu poderia estar lendo algo realmente relevante para mudar e salvar o mundo, eu estava sentada (quase deitada) em minha própria cama lendo um livro completamente inútil para a vida (embora bastante útil para situações acadêmicas). Mas tudo bem. Assim que tiver algum trabalho marcado, ficarei feliz por saber exatamente onde enfiar apud's e op. cit.'s.
(e mais uma vez a tarefa de salvar o mundo ficará, em caráter residual, nas mãos das meninas super poderosas...)

Livro: Manual para Normalização de Publicações Técnico-Científicas
Autor: Júnia Lessa França et al. (Yay! Aprendi isso hoje!!!)
Editora UFMG
Disponível na Biblioteca do Campus Central da UCPel

Em versão 'ABNT':
FRANÇA, Júnia Lessa et al. Manual para Normalização de Publicações Técnico-Científicas. 6. ed. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2003.



quarta-feira, 17 de agosto de 2005

  Erros humanos

A revelação dada ontem pela TV britânica de que Jean Charles de Menezes, o brasileiro morto a tiros confundido com um terrorista em Londres, chegou até mesmo a sentar-se no vagão do metrô antes de ser cruelmente assassinado, põe em choque o sistema antiterrorismo (?) mundial. Ele chegou tranqüilamente à estação, apressou-se para pegar o vagão que estava parado, entrou com toda a calma em seu interior e sentou-se perto da entrada. Ia ser mais um dia de trabalho normal, como todos os outros. E daí então, do nada, o cara leva 8 tiros, 7 na cabeça e 1 no ombro? Essa história [ainda] está muito mal contada... Cada vez a polícia britânica se complica mais nisso tudo. Não é mais fácil admitir a burrice do erro e arcar com as conseqüências? Simplesmente essa morte não tem explicação. Foi um erro banal, que só prova o quanto o mundo não está preparado para lidar com o terrorismo.

[...]

Falando em terror, 2 aviões de passageiros caíram nos últimos dias... Isso não é normal...
Domingo caiu um Boeing 737-300 na Grécia, com passageiros de Chipre. 121 mortos.
Ontem foi a vez de um MD-82 na Venezuela, com a queda de um vôo fretado por habitantes da ilha de Martinica (território francês no Caribe). 160 mortos.
Em ambos os casos, as falhas parece terem sido eminentemente mecânicas, seguidas de um certo despreparo humano. No primeiro avião, o problema foi a despressurização da cabine (algo que, em situações normais, é facilmente contornável) e uma subsequente inexperiência por parte do piloto sobre como lidar com a situação (ao que consta, as pessoas morreram pela queda, e não pela falta de oxigênio). No caso do segundo avião, o problema técnico foi um pouco maior: as duas turbinas falharam, uma após a outra. É algo raro de acontecer, mas, nesse caso, ainda se tem a opção de forçar um pouso tipo planador. Mas o avião perdeu altura muito rápido, e todos morreram.
As mortes foram causadas por problemas meramente técnicos (despressurização, falha nas turbinas) ou simplesmente por despreparo profissional dos pilotos? Será que as escolas de aviação estão ensinando o suficiente?
Mesmo assim, ainda se diz que o avião é o meio de transporte mais seguro do mundo. Mortes por queda de avião [espera-se que continue assim] ainda são esporádicas.


Para maiores informações, ver a Zero Hora de 17/08/05 (http://www.zh.com.br/)



  Para descontrair

Trechos da coluna do impagável Paulo Sant'ana na Zero Hora de hoje:

"Brasília, ontem e anteontem, parecia uma revista humorística. Inacreditavelmente, anteontem à tarde, o presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti, reuniu a imprensa e declarou: "Estou pronto para assumir a Presidência da República".
A oposição se reuniu às pressas e decidiu que não vai mais pedir o impeachment de Lula."

E isso tudo levou ao bizarro protesto de ontem, onde jovens com cara pintada (como há 13 anos atrás) saíram às ruas para se manifestar contrariamente ao Impeachment. Todos querem Lula no comando! (repito a frase de alguns posts atrás: "ruim com Lula, pior sem ele"...).

"Pela primeira vez na história de todas as CPIs, durante o interrogatório de ontem, o depoente, ex-tesoureiro do PL, assinou sua confissão na primeira resposta:
- Qual o seu nome?
- Jacinto Lamas.
Não era mais necessária qualquer pergunta."

Para ler a coluna na íntegra, clique aqui.



terça-feira, 16 de agosto de 2005

  Utopia

"La utopía está en el horizonte. Camino dos pasos, ella se aleja dos pasos y el horizonte se corre diez pasos más allá. ¿Entonces para que sirve la utopía? Para eso, sirve para caminar."


(do escritor uruguaio Eduardo Galeano)



  Que dia mais terrível!

Hoje até que tudo começou bem, mas à medida que avançava o dia, as coisas foram piorando. Cheguei apressada para a aula, e na frente da faculdade, um passarinho sacana resolveu me batizar. Entrei emburrada na facul e fui direito para o banheiro. Lavei a porção suja do cabelo e fui, irritada, em direção à aula (olhando para baixo, pensando no passarinho). No meio do corredor, um professor falou comigo, mas não tenho nem idéia do que ele disse (depois fiquei pensando o que seria... mas não dá para voltar o tempo para saber :P). A aula de Marketing foi relativamente tranqüila exceto pela irritação, depois em Semiótica não consegui entender coisa alguma (eu estava tão irritada que não conseguia pensar, e muito menos resolver as complexas tarefas propostas -- menos mal que a professora permitiu que se entregasse o trabalho na semana seguinte!). Aí fui ir embora para casa com uma garoa irritante, dessas que molham mas não o suficiente para se usar um guarda-chuva (utensílio este que deixei em casa, achando que deveria chover, mas no fundo tendo esperanças de que não chovesse).
E, pra completar, hoje é meu aniversário. :P E ninguém lê este blog mesmo...

Espero que amanhã, com 19 anos e um dia, eu acorde com melhor humor :D

Obs.: Hoje é dia do solteiro. Parabéns pra quem se incluir nessa categoria... =)



domingo, 14 de agosto de 2005

  Será que o impeachment é a solução?

Uma solução bastante drástica para os problemas atuais na política brasileira seria abrir um processo de impeachment contra o presidente da república (se comprovada alguma denúncia que tenha sido feita contra ele, como o fato de que ele já sabia sobre o mensalão). Entretanto, será que isso é a solução para os problemas? Não tenho muita base para opinar, mas acredito que essa não seja a melhor das opções. Talvez a mais prática e produtora de efeitos, é verdade, mas os brasileiros não merecem ter outra desilusão política em menos de 15 anos. Pense bem: se está ruim com o Lula, pode ficar muito pior sem ele (imaginem o Severino comandando o país!). Diante disso, acredito que a revista Veja nesta semana tenha cometido certos exageros ao fazer a capa similar àquela que antecedia o início da rebelião social contra o presidente Collor. O que a revista quer? -- que a história se repita??



Para maiores informações, recomendo a leitura desta reportagem da Zero Hora (É hora de falar em impeachment?*), deste texto de Voltaire Schilling na página de educação do terra (explicando como se dá um processo de impeachment) e da nota do ministério das relações exteriores sobre o impeachment de collor (basta substituir alguns nomes e datas, e se tem um retrato fiel do que está acontecendo no Brasil atualmente... seria cômico, se não fosse trágico...)



* Trecho da reportagem:


"Há o temor de que um processo precipitado contra Lula vire o jogo, fazendo dele uma vítima.


É como no cinema. Se matamos o bandido, acabamos com o filme antes do tempo - diz o senador Leonel Pavan (PSDB-SC). "

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sábado, 13 de agosto de 2005

  Livro: Além dos Meios e Mensagens


"Além dos Meios e Mensagens" é um livro pequeno, com uma linguagem simples e acessível, e que pretende introduzir o leitor ao mundo da comunicação, destacando as principais dimensões em que a mesma se manifesta (processo humano universal, tecnologia de transmissão de mensagens, sistema institucional, e ciência social).

Por ter sido escrito por um autor latino (Juan Enrique Diaz Bordenave é paraguaio), retrata muito bem a realidade vivida por comunicadores em nosso contexto, na tentativa de cada vez mais tornar a comunicação um processo horizontal (em substituição a uma mera imposição vertical de uma informação), através da busca de novos meios que possam servir para possibilitar um maior envolvimento dos cidadãos no processo.

Além disso, a obra também conta com certas passagens um tanto bizarras, como quando se dispõe a falar e hipotetizar acerca das "novas tecnologias" para a comunicação (considere que a obra foi escrita em meados da década de 80, quando nem se sonhava que um dia haveria dvds, internet, etc.).

O destaque fica por conta da linguagem de fácil compreensão (apesar de que geralmente se possa desconfiar de livros muito fáceis de entender -- supõe-se que estejam falando de algo que já sabemos, só que de maneira diferente, atuando de modo a organizar nosso conhecimento prévio, sem nada acrescentar) -- e também pela abundância de exemplos (ilustrações, tabelas, entre outros recursos), que facilitam bastante a apreensão do que é dito.

Isso sem falar que a parte relativa aos signos consegue expor de forma clara e objetiva um esboço inicial acerca Semiótica (na real, este foi o motivo original que me fez ir atrás do livro... gostei tanto do capítulo que li a obra inteira!).
O lado ruim é que, pra variar, como todo livro de teoria da comunicação escrito na América Latina, tem um longo e chato capítulo sobre comunicação alternativa e popular. :P Mas faz parte!...

Livro: Além dos Meios e Mensagens
Autor: Juan Enrique Diaz Bordenave
Editora Vozes
Disponível na Biblioteca Setorial Campus II (UCPel)

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  Sugestão

Sugestão de Leitura: "A Metalinguagem das Roupas", de Gilson Monteiro.


O texto fala sobre as divisões de classes que a moda representa, o simbolismo presente nas nossas escolhas de como se vestir, e de todo o caráter retroativo que a moda apresenta.

Gostei bastante do tema artigo, embora normalmente eu tenha ressalvas com relação a autores que citam demais outros autores... :P (ora, quem cita os outros é porque não tem idéias próprias!)



  Dicotomias

"There is a delightfully ironic quip (variously attributed) that 'The world is divided into those who divide people into two types, and those who don't'."


"Semiotics for Beginners" na veia :P



  Nível de TPM: Extremo

Sabe quando você está tão estressada que só tem vontade de gritar, simplesmente gritar, bem alto, até sua garganta ficar doendo, só para depois você ficar se sentindo culpada por ter gritado tanto, até que passe a dor? É isso.
Acordei assim hoje. Talvez o fato de ter ido dormir às 4h da manhã, e ter sido forçada a acordar por volta das 8h tenha contribuído um pouco. Também há de se considerar que eu passei a madrugada numa festa, que teria produzido lembranças melhores caso eu tivesse ido embora no primeiro sinal de cansaço. E, pra completar, peguei o malévolo ônibus das 10h (Pelotas-Bagé), aquele em que as pessoas não se tocam que as outras talvez possam querer dormir ou ler (dessa vez, preferia ficar com a primeira opção) e ficam falando de suas vidas no volume máximo! GRRRRRRRRRRRRRRR.
Mas tudo bem. TPM passa. (E vem de novo, e passa, vem de novo, passa...)



sexta-feira, 12 de agosto de 2005

  maravilhas do mundo virtual

Prezado usuário,


O número do seu pedido é ########.


Estamos entrando em contato para confirmar que os pontos acumulados na promoção Navegue e Ganhe do iBest, foram trocados pelo(s) seguinte(s) produto(s):


O Que é Comunicação


A confirmação do pedido foi enviada a seu endereço de e-mail xxxxxx@xxxxx.xxx


O prazo de entrega é de 7 dias.


Atenciosamente;
IBEST S/A


vai dizer que usar a internet não é um baita negócio?

até baixar episódios de gilmore girls da internet gera lucro =)



  probleminha operacional resolvido

pronto! agora os acentos aparecem!



quinta-feira, 11 de agosto de 2005

 

"The basic three-part structure of introduction, main body and conclusion is satirized in the sardonic advice: 'First say what you're going to say, then say it, then say what you've already said.'"

:P




do livro "Semiotics for Beginners", de Daniel Chandler

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quarta-feira, 10 de agosto de 2005

  help!

Alguém sabe como corrigir esse 'probleminha operacional' dos acentos não estarem aparecendo no blog? :P~



terça-feira, 9 de agosto de 2005

  ih

ih... não deu mto certo não...
vou deixar os ajustes finais para amanhã :P



  mundaça de layout

Testando novo layout do blog...
(por enquanto, em caráter provisório -- ainda preciso localizar algum site que hospede as imagens... :/)

Feedback please!



segunda-feira, 8 de agosto de 2005

 

Bom, pelo menos a viagem de volta foi [bem] mais tranqüila. Peguei o ônibus das 17h (semi-direto), e pude ir de início a fim do trajeto sozinha em um par de bancos.Consegui ler até um pedaço da viagem (nada mais que 20-30 páginas, o equivalente a um ensaio e meio), e fui interrompida perto da metade do trajeto, quando algumas pessoas subiram ao ônibus e começaram a falar em tom alto. Mas daí não fiquei tão irritada, até porque já estava escurecendo, e não vi mal nenhum em fechar o livro para desfrutar um pouco mais do espetáculo da vida :)Mas que isso sirva de lição: ler em viagens definitivamente não é uma boa idéia :P



sábado, 6 de agosto de 2005

  Crônica de uma viagem bizarra

O livro
Ao terminar o livro anterior, sobre o Poder Constituinte, resolvi começar a ler um livro da área de Comunicação. Depois de muito pensar (:P), a escolha recaiu sobre a obra "O Óbvio e o Obtuso", de Roland Barthes, que estava na minha lista de leitura desde o semestre passado. Outro fator que contribuiu para a decisão foi o fato de ele estar presente nas bibliografias básicas de duas disciplinas (Foto e Semiótica -- não é à toa que os professores são pai e filha, respectivamente!). E também já tinha lido (e gostado) de A Câmara Clara, do mesmo autor.
Como só vou precisar desse livro no mês de outubro em Semiótica, optei por começar apenas dando uma olhada nas páginas do mesmo. Leitura descompromissada: o objetivo é apenas familiarizar-me com a obra, para uma posterior leitura aprofundada...

O ônibus
E então resolvi carregar o livro em minha viagem para Bagé, com a brilhante idéia de lê-lo durante a [cansativa] viagem de ônibus de 3 horas. Na minha mente inocente, eu sentaria a um canto (janela), e teria o mais completo silêncio para ler durante 3 horas ininterruptas! Ia ser perfeito -- só que o mundo real não é tão maravilhoso quanto se imagina...
Cheguei na rodoviária com meia hora de antecedência, e peguei um lugar relativamente no meio (poltrona 23, janela, à direita do motorista). Parecia uma boa posição para leitura: iluminação direta do Sol, e pertinho de um dos pontos de calefação do ônibus. Entretanto, como hoje em dia existe lei de Murphy para tudo (mais especificamente, para nada... para nada dar certo :P), foi só eu abrir o livro na página em que eu estava para retomar a leitura, que as pessoas do banco da frente começaram a conversar em voz alta. Pior ainda: o diálogo tinha um terceiro e quarto participantes, da dupla de bancos imediatamente à esquerda. Então era o cara da esquerda comentando como eram lindos os campos verdes à beira da estrada, o da minha frente olhando embasbacado (como se nunca tivesse feito aquele trajeto antes), e a guriazinha do outro lado fazendo comentários inúteis. Mas até que eles não atrapalhariam tanto a leitura, visto que só falavam quando houvesse alguma paisagem bonita, rio conhecido ou plantação curiosa para observar.
Quando eu já estava praticamente me acostumando à idéia de só poder ler nos períodos de calmaria da conversa dos bancos da frente, eis que "a lei de Murphy da lei de Murphy" ("se algo está ruim, poderá ficar pior ainda") resolve atacar. O ônibus era do tipo Comum, indireto, que pára em cada paradinha de ônibus de beira de estrada. Ele parou. Entrou um senhor, que chegou para mim e perguntou se o lugar ao meu lado estava vago. Ah.. se desse para voltar o tempo, eu diria que não... ah se diria! Tanto lugar vago no ônibus, e o cara foi sentar logo ao meu lado? Mas tudo bem. Que mal poderia haver? (Ainda acredito na inocência do mundo!)
Pois foi só o cara sentar que ele começou a conversar com a senhora que se encontrava no assento ao lado, no corredor da fileira da esquerda. E assim ele seguiu a falar nos meus ouvidos durante a viagem inteira! Qualquer resquício de possibilidade de iniciar uma leitura fora por água abaixo...
Fato é que simplesmente não consigo ler com gente falando ao redor. Preciso de silêncio absoluto! Meu sentido de audição se sobrepõe ao da visão, de maneira que eu chego a beirar à loucura quando meus vizinhos começam a gritar enquanto leio em casa. Mas, mesmo assim, não reclamo: aceito passivamente as irritações. Para que se estressar? Fiquei sim o tempo todo torcendo para o cara pegar no sono, descer no meio da estrada.. qualquer coisa era válida... Apelei tanto que não só ele, como também a mulher e os carinhas dos bancos da frente acabaram descendo na metade do caminho - em Pinheiro Machado. E foi só a partir daí que pude, finalmente, começar a ler! :)
Até foi interessante ouvir tudo sobre a vida do homem que estava ao meu lado (mesmo que a conversa não tenha sido comigo, mesmo que seja 'feio' escutar a conversa dos outros; mas não tive como não fazê-lo). Ele tem dois filhos, ambos casados. Ele também é casado, desde os 18 anos. A nora de 19 anos está terminando o Ensino Médio para ser frentista, com um salário de 850 reais (vale ressaltar que esse salário é superior ao piso do salário de jornalista no interior do RS...! acho que vou largar as faculdades e ser frentista de posto de gasolina!), o filho quer ser sargento e ganhar mil e quinhentos reais por mês (nada mal!), a filha trabalha há dois anos numa papelaria que fica a duas quadras do meu apartamento... Não entendi direito o que o cara faz, mas tem algo a ver com transportar leite de Pelotas a Pinheiro Machado (mas de ônibus??).
A conversa tratou de tudo, até de máquinas de lavar (roupa e louça) e do fato no mínimo curioso de que o cara trabalha com corte e costura nas horas vagas. Quanto às máquinas de lavar, acabei ficando convencida que o melhor é ter um tanquinho, e trocar a água dele na pia do banheiro para o enxágüe após a lavagem (você sabia que o melhor tanque é aquele que tem formato de máquina de lavar - sem a bordinha -, e possui a roda (?) na parte inferior, e não ao lado??). E tem até quem diga (ouve-se falar por aí, de acordo com o cara) que há uma peça que se compra para o tanque, e que faz com que ele fique que nem uma máquina de lavar... (Viram só? Virei especialista em máquinas! Sei até como tirar uma mancha de graxa de uma camiseta branca usando apenas um tanquinho e uma pia de banheiro!).
Mas no fim, ele até se deu conta da chatice, e fez um pedido de desculpas tácito, conversando um pouco comigo, e contando que a sobrinha dele também queria fazer Direito (mas em Bagé, mesmo morando em Pelotas). Eu sou de Bagé e faço faculdade em Pelotas. (Será que existe algum mundo bizarro onde tudo é o exato oposto do mundo real? Será que esse cara vem de lá?).
Com medo de represálias (nunca se sabe... vá que o cara leia este post e decida pegar sempre o mesmo ônibus que eu, só para não me deixar ler em viagens?), não vou citar o nome dele. Mas adianto: é um nome duplo e tosco, desses de novela mexicana, ambos iniciados com a letra A... :P

O lema
Enfim... disse tudo isso para mostrar o quanto sou pacífica e cultivo a tolerância. Aliás, andei até pesquisando acerca do tema. Neste artigo, o psicólogo Antonio de Andrade propõe uma solução simples para todos os males do mundo: agir com cidadania. (Ahã... Como se ninguém nunca tivesse se dado conta disso antes... ).
Na dúvida, estou fazendo a minha parte. Até hoje nunca reclamei dos meus vizinhos que jogam futebol narrado, apesar de já ter ficado com raiva suficiente para pensar nas melhores maneiras de calar a boca deles de forma definitiva (:P).

As pessoas têm direito de conversarem em um ônibus. Mas que isso atrapalha... bah!

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sexta-feira, 5 de agosto de 2005

  sobre o livro "Revolução e Poder Constituinte"

Ontem terminei de ler o livro "Revolução e Poder Constituinte", de José Carlos Toseti Barrufini.
Interessei-me pelo assunto com os recentes debates acerca da proposta de sabe-se-lá quem de que talvez seja a hora de fazer uma nova Constituição no Brasil (percebe-se aqui que meu interesse por política é quase nulo).A Constituição em vigor atualmente, que serve de suporte de validade e fundamento para todas as demais leis em vigor no país, data de 1988. Embora toda Constituição escrita tenha como princípio a idéia de unidade, nossa Constituição já foi emendada 47 vezes nesses 17 anos de história. Ora, tantas alterações acabam por causar uma certa instabilidade, pois se nem mesmo a lei maior do país consegue ser rígida, o que se dirá das demais leis que existem por aqui?
Muitos sustentam que não há nova Constituição sem Revolução. Um exemplo disso é o golpe militar de 64, que deu origem à Constituição anterior de 1967. Já a Constituição atual surgiu do movimento das Diretas Já (aqui nota-se uma clara interferência dos meios de comunicação na mudança de rumos políticos do país... há mais relações entre Direito e Jornalismo que se possa imaginar!).
Mas o que poderia nos levar para uma Constituição nova? Em que se investiria o Poder Constituinte para romper com a ordem estabelecida, e fundar um novo Estado? Pois bem. Mais uma vez, nota-se uma grande influência da mídia, que poderá novamente levar à tomada de novos rumos em nosso país. Todos param diante da TV para ver depoimentos sobre o escândalo do mensalão, a ponto de a corrupção ter virado uma espécie de 'show', um verdadeiro espetáculo para as massas. Será que a corrupção declarada não é suficiente para provocar a ruptura? A meu ver, não é necessária uma mudança na forma de estado ou governo do país para que se funde uma nova nação (como por exemplo, quando foi da ditadura para a democracia). Apenas a mudança de pensamento pode fazer com que nasça uma Constituição, com vistas a restabelecer a segurança nacional, e [como sempre] na tentativa de acabar com a corrupção, fortalecendo a democracia.
Já dava para aproveitar essa nova Constituição para determinar a criação de um órgão híbrido do Executivo e do Judiciário específico para a fiscalização de irregularidades no governo. Desse modo, tornar-se-ia mais efetiva a apuração de casos de corrupção, e os julgamentos não se estenderiam tanto assim, a ponto de virarem diversão para as mídias (como se a corrupção fosse uma novela, quando na verdade ela está aí, no mundo real, e em todos os lugares).
Mas, pensando bem... se fôssemos tentar resolver todos os problemas do país elaborando novas Constituições, isso acabaria com seu fim aparente, qual seja, o de garantir estabilidade à nação.
Ah, sei lá... o importante é que tudo se resolva tão logo quanto for possível.
E, bem, quanto ao livro que li... recomendo para aqueles que queiram saber mais sobre o assunto (mas não espere uma análise tão profunda; a obra peca justamente por tratar superficialmente de um tema tão complexo...)




Livro: Revolução e Poder Constituinte
Autor: José Carlos Toseti Barrufini
Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 1976
Disponível na Biblioteca Setorial da Faculdade de Direito (UFPel)

Observação: (incluída em 05/08/05)


Agora, pensando melhor, há um motivo para o texto do livro ser tão superficial. Ele foi escrito em 1976, ou seja, em pleno período de ditadura militar, e portanto sujeito a censuras. Nada mais normal que o autor não dar ênfase à Revolução como única forma legítima de promover um movimento constituinte... :P

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quinta-feira, 4 de agosto de 2005

  Semiótica

Como eu não estava entendendo muito bem o que era Semiótica após a primeira aula que assisti sobre o assunto, e ainda estando um pouco (mais) apavorada pelas histórias descabidas que contam acerca da matéria (ao menos com relação à dificuldade imposta pela professora) andei procurando no Google algo que pudesse me dar uma luz quanto a isso. Encontrei esta página, que explica em termos mais simples o que é Semiótica, como ela surgiu, do que trata, e entra um pouco nas teorias malucas do Peirce.
Na real, depois de ter lido um pouco a respeito do assunto, não entendo como possa ser tão difícil uma matéria. É só questão de estudar, ler, dedicar-se, e não vejo dificuldades maiores nisso. Por um lado, é até bom ter algum professor que 'pegue pesado'. Isso provavelmente nos instigará a ler mais, e a procurar ir mais a fundo também nas demais matérias. Contato que eu passe, aprenda, e não precise pagar de novo pela disciplina... qualquer forma de ensino é válida :P
(Na dúvida estou lendo tudo o que encontro acerca do tema, devorando livros e textos a torto e direito...)



  200 mil reais

Por que tanto furor com relação ao cara que devolveu a mala com 200 mil reais? Poxa, ele não fez mais que a sua obrigação!
Vejamos: num belo dia você está andando por aí e encontra uma mala abandonada em um local público. Se estivéssemos em um país dito de "primeiro mundo", você sairia correndo, provavelmente -- maleta, sozinha... BOMBA! -- mas como você vive num país de terceiro mundo, onde o povo famigerado precisa se preocupar em comer, não sobrando tempo para se atacarem uns aos outros, você resolve pegar a mala para si. Ao abrir a mala, depara-se com uma enorme quantidade de dinheiro, superior a tudo que já tinha visto na vida. Pode ser que você conte quanto de dinheiro há na mala, ou então desista dos cálculos por ser notas demais. No interior da mala, você procura uma identificação, algo que remeta ao dono (mas, secretamente, espera que não haja; espera que a mala não seja de ninguém, que seja um presente a você dos céus). Ao encontrar o cartão do dono, você:
a) Entra em contato e se dispõe a devolver a maleta.
b) Fica com o dinheiro, e aceita todas as implicações morais que isso acarreta. Perde noites e noites de sono. Não gasta o dinheiro, simplesmente por se sentir culpado demais por apropriar-se do dinheiro alheio (além disso, não saberia esclarecer ao fisco o porquê de ter, de uma hora para outra, ganhado 200 mil reais, a menos que apelasse para as puras 'causas divinas', o que seria o mesmo que atestar insanidade, e acabar sendo acusado por um crime maior ainda -- sim, até porque o desconhecimento da lei penal não extingue a punibilidade -- apropriar-se coisa móvel alheia é furto, mesmo quando despercebido por parte do proprietário!)

Diante disso, fica difícil entender por que um cara que não fez mais do que sua obrigação (ou seja, devolver a mala ao encontrá-la perdida e COM identificação) tenha ocupado tanto espaço na mídia, inclusive indo a programas de auditório para 'conceder entrevistas', contanto o porquê de ter decidido devolver o dinheiro. Cuidado! Por muito menos que isso já teve gente que virou herói nacional!

Mas fica a pergunta: e se não houvesse identificação na maleta, o cara devolveria?

(E você, o que faria?)

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  Exposição de motivos da parte principal

I - este blog terá como fim específico a publicação de textos relacionados ao mundo jurídico-jornalístico de Gabriela da Silva Zago, estudante dos 3° e 4° semestres, dos cursos de Jornalismo e Direito (respectivamente).
II - toda e qualquer peça publicada será necessariamente de autoria da contratante, salvo nos casos em que o post expressamente mencionar.
III - nos casos em que o post for omisso, entender-se-á tratar-se de texto original, e sujeito às regras de cópia autorizada.
IV - qualquer fuga ao tema poderá ser a qualquer tempo sinalizada, que será peremptoriamente removida, modificada ou justificada.
V - os comentários pertencem à pessoa do contratado, em nenhuma hipótese mostrando as idéias e opiniões da contratante, salvo nos casos expressos em post
VI - ficam revogadas as disposições em contrário.

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