segunda-feira, 15 de outubro de 2007

  O mundo é de quem fazia

Lembram do tempo em que criar uma página no hpG era de graça? Lembram do tempo em que o IG se chamava Internet Grátis, e disponibilizava um horrendo serviço de e-mail (o ieG – Internet e-mail Grátis), além de espaço gratuito para construir sites? Não tenho o direito de reclamar, porque aproveitei ao máximo minha fase de inspirações criativas em ebulição. Criei muitas páginas no tempo em que o hpG ainda era grátis (ainda é; há uma versão, limitada a 5Mb e ao uso do FTP pela web, para quem quiser criar uma página totalmente web 1.0 e sem graça) e em outros serviços gratuitos de hospedagem. Muitas delas já se perderam pelo caminho. Outras tantas ainda estão no ar. A web 1.0 pode até parecer sem graça... mas ela permitia dar vazão a uma excessiva criatividade. Aprender a se destacar era essencial.

A página da minha turma de 7ª série do Ensino Fundamental (!), criada no Geocities (ainda no tempo em que os endereços eram baseados em regiões geográficas reais), gerou uma grande confusão, e tivemos que remover boa parte do conteúdo porque a bibliotecária-barra-professora de Ciências – que tinha acesso diário à Internet – visitou a página um belo dia e percebeu que tínhamos uma coluna para falar mal dos professores. As críticas rolaram soltas pela instituição, e antes que alguém pudesse nos processar por injúria ou difamação expulsar da escola, tiramos a página sobre os professores do ar. Algum tempo depois, a diretora da escola nos chamou para fazermos sugestões de como reformular a página da escola – depois que ela constatou que a “página da turma 171” fazia mais sucesso que o próprio site da escola. O motivo? Tínhamos até bate-papo! Em 1999, bate-papos como o do UOL e do Terra eram os lugares mais freqüentados da Internet. Forçando um pouco a barra, ter um site com bate-papo era o mesmo que seguir as tendências da Web 2.0 hoje em dia...

Também criei muitas páginas no hpG... Principalmente sobre seriados. Meu tosco site de Gilmore Girls continua no ar até hoje - ele foi estranhamente recolocado em um novo diretório dentro do mesmo servidor, ganhou um novo endereço, mas segue no ar. Meio capengo, mas continua lá. Para um site que já teve mais de mil visitas diárias, a modesta média de 50 por dia deixa muito a desejar. Mas considerando que a página não recebe nenhuma grande atualização desde 2004... 50 visitas por dia para um site deixado às moscas, em um endereço obscuro, de um fan site sobre uma série que já acabou, é um índice relativamente elevado.

Conheci muita gente através do site de Gilmore Girls. E o site também foi fundamental para que eu viesse a optar, anos depois, pelo curso de Jornalismo.

Mas meu fanatismo por Gilmore Girls não rendeu apenas um site. Cheguei ao extremo de fazer um segundo site sobre a série, em inglês (e que está no ar até hoje, mesmo com todos os terríveis erros de gramática, ortografia, regência e concordância) e assinar com o nome do cachorro (Lia Z.!), só para poder concorrer duas vezes a um “prêmio” para fan sites sobre seriados. E o mais bizarro de tudo – ganhei com o site fake e perdi com o original.

Eu era uma fã tão estranha de seriados que não me contentava em ter um único site sobre cada série – tinha vários. Só de Friends eram três. O Explosão Friends (?) ainda está no ar [reparem no aviso de ‘melhor visualizado com Explorer 4 ou superior’]. O Clube Friends era o mais forte – junto a ele eu também administrava uma lista de discussões por e-mail sobre a série. Mas não tinha paciência de acompanhar as discussões (fazia parte do fato de contar com conexão discada, limitada a 20 horas mensais), e em seguida a lista começou a despencar. Depois ela foi assumida pela equipe do Friends-Brasil.com (que já não existe mais, por sinal). A lista de Gilmore Girls sobreviveu apenas até o começo deste ano.

Fiz páginas sobre outros seriados. Charmed, Mad About You, The Drew Carey Show, Party of Five, Popular, Ed... Todas elas não existem mais. Também não existe mais a seção de colunas do site Séries Online. A BrasNet é outra que virou lenda. Até hoje mantenho algumas das amizades virtuais feitas através do #gilmoregirls e do #smallville.

Mas nenhum site ganha deste. Criado no bloco de notas do Windows, ocupando no máximo 10kb de espaço em disco, e com um bando de estranhos cadastrados. Nem foi preciso divulgar.

O que mudou nos tempos atuais? Hoje em dia fica tudo mais fácil. Com dois cliques podemos criar um blog. Não é preciso apanhar para um código html que não deu certo, ou sofrer em um limitadíssimo editor gratuito de páginas pessoais. Ganhamos em praticidade. Perdemos em improvisação. -- A vantagem é que sobra mais tempo para interagir com as pessoas :)

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Comentários:

Anonymous Anônimo disse:
mas tem algo melhor que bloco de notas pra fazer um site?
Sem frescuras e você mantém o código limpo, com o essêncial apenas.

Interessante que naquela época de hpg e geocities tudo era provido por outros sites, e a página que criávamos na maioria das vezes era só apresentação, contador de visitas, livro de visitas e essas coisas eram sempre serviços externos.
 
Blogger Gabriela Zago disse:
É verdade. Uma página que oferecesse "contador de visitas" já era o máximo. O supra sumo era poder contar com um serviço de hospedagem que já disponibilizasse tudo em um só lugar :P

-- de certa forma, ainda dependemos de alguns serviços externos para montar um blog... embora boa parte dos recursos já venha incorporado na própria ferramenta escolhida.
 


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