segunda-feira, 14 de maio de 2007

  Falácias

Uma falácia é um argumento que tem aparência de verdade, mas no fundo não é. Aprender a reconhecer as situações mais comuns em que pode ocorrer uma falácia é fundamental para aprender a rebater construções ardilosas de discurso, de pessoas mal-intencionadas ou não (até porque uma falácia pode sair sem querer). Ao parar para pensar ou ler sobre o tema, é possível perceber que há muitas situações no dia-a-dia que não sabemos como responder a argumentos que à primeira vista parecem inteiramente lógicos. Entender como funciona essa estratégia de argumentação é, assim, essencial, não para enganar os outros, mas para saber como escapar diante de uma enganação. Um argumento será falacioso sempre que as razões apresentadas não forem suficientes para sustentar a conclusão.

Eis alguns exemplos:

Argumento de misericórdia

“Ele não tirou uma boa nota na prova, mesmo sendo um bom pai de família”.

Defeito do argumento: uma coisa não tem nada a ver com a outra. Uma pessoa pode ser um bom pai de família e mesmo assim ir mal em uma prova.

Argumento à novidade, argumento à antigüidade

“A Igreja sempre foi contra o aborto, e se foi assim desde o princípio, deve continuar por mais tempo”.
“O celular é mais moderno; portanto, ele é melhor que o telefone convencional”.


Defeito do argumento: não necessariamente algo é bom por ser novo, ou bom por ser velho. Depende do uso, depende da situação.

Falso dilema

“Ou você está comigo, ou você está contra mim”.

Defeito do argumento: só são dadas duas opções quando há várias outras alternativas possíveis.

Generalização

“Todo mundo deve praticar esportes”.

Defeito do argumento: nem todo mundo. Tem gente que não tem saúde suficiente para praticar o esporte, e depende também do esporte a ser praticado.
(lembre-se que “generalizar é sempre uma coisa perigosa”, sendo esta própria frase uma terrível generalização :P)

Falha na relação causa e conseqüência

“Sempre que me atraso para a aula, chove. Hoje me atrasei. Logo, irá chover.”

Defeito do argumento: apresenta-se uma seqüência forçada de causa e efeito como se houvesse relação lógica entre os elementos.

Argumento da Ignorância

“Ninguém conseguiu provar que os discos voadores existem. Portanto, eles (não) existem”.

Defeito do argumento: ora, se ninguém conseguiu provar tanto a existência quanto a não existência, não se tem como afirmar que eles existem ou não existem. Substitua discos voadores por deus na frase acima (fazendo as devidas adaptações gramaticais) e terá uma visão mais precisa do quanto falacioso esse argumento pode ser.

***

Mais falácias podem ser consultadas no Guia de Falácias de Stephen Downes. Também é interessante ler o conto “O Amor é uma Falácia”, de Max Shulman.

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Comentários:

Anonymous Anônimo disse:
Olá. Obrigado pelo comentário lá no blog. Uma honra pra mim ter você como leitora. Do direito, a parte das falácias é a que mais gosto. Publiquei há um tempo o conto do Max lá no SemiÓtica - http://eddcaulfield.wordpress.com/2006/10/22/o-amor-e-uma-falacia-leitura-para-o-final-de-semana/ .

Então, um abraço.
 
Blogger Vica disse:
Falácia é uma das minhas palavras preferidas. E o título desse conto é uma das minhas frases favoritas.
 
Anonymous Anônimo disse:
Gabriela:

Estou em ritmo louco tentando por tudo em dia, de problemas de configuração à leitura dos meus blogs do blogroll.

Gostei muito do seu post. Você vai ser uma grande jurista.
 
Anonymous Anônimo disse:
Matemáticos devem saber usar muito bem a lógica. Em uma das primeiras disciplinas do curso eu aprendi o que significam falácia e tautologia.
 


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