sábado, 10 de março de 2007

  Um mundo sem jornalistas?

Nos dias 7, 8 e 9 de março de 2007 foi realizado na França a primeira edição do Assises Internationales du Journalisme (algo como “alicerces internacionais do jornalismo”). A questão que permeou os debates dessa edição do evento era “Un monde sans journaliste?”.

Logo na abertura, Hervé Bourges, presidente da União internacional da imprensa francófona, falou sobre a Web 2.0 e da facilidade que qualquer pessoa tem para poder publicar uma matéria na Internet, o que poderia levar a uma mídia sem jornalistas.

Embora haja o temor de que no futuro a figura do jornalista (enquanto profissional formado em uma universidade) se torne dispensável, é preciso levar em consideração que o webjornalismo cidadão ainda está dando os primeiros passos. Não sei se já existem estatísticas quanto a isso, mas, pelo que tenho observado, muito pouca gente possui o hábito de colaborar em espaços participativos. Os espaços seriam restritos a alguns poucos interessados, o que seria incapaz de acabar com a grande mídia. Como fonte alternativa e complementar, entretanto, o jornalismo cidadão pode se mostrar bastante eficaz. Nem sempre o jornalismo tradicional é capaz de cobrir todos os acontecimentos do mundo (há interesses os mais diversos, notadamente comerciais, organizacionais, políticos e econômicos, que cerceiam a “liberdade” da imprensa tradicional)

Há diferentes formas de um cidadão poder colaborar com a veiculação de conteúdos midiáticos pela Internet. A forma mais básica é através de um blog. Mas não um blog que faça reverberação midiática (aquele que só repete o que já disse a grande mídia – é mais ou menos isso o que eu faço :P), e sim uma página que crie seu próprio conteúdo, busque suas próprias fontes, produza sua própria informação. Também é possível atuar em espaços colaborativos junto a sites de grandes veículos (Minha Notícia do IG, Citizen Journalist do MSNBC, vc repórter do Terra, FotoRepórter do Estadão, Cidadão Jornalista da Folha, e assim por diante). Nesses lugares, há uma certa restrição da liberdade, pois os sites se reservam no direito de publicar ou não publicar o conteúdo colaborativo, e, mesmo que escolham publicar a matéria do “cidadão”, muitas vezes também podem editá-la. Há ainda páginas específicas de conteúdo construído de e para cidadãos, em que eles mesmo se auto-organizam (Overmundo), ou com intervenção jornalística para seleção e hierarquização das informações (BrasilWiki). Por fim, há páginas construídas colaborativamente que repetem informações dadas pela mídia tradicional (Wikinews) e lugares onde é possível sugerir links para matérias interessantes que tenham saído em qualquer tipo de mídia (Linkk, Rec6, Digg).

Entretanto, pelo que tenho observado nesses sites, por mais que o cidadão possa criar, redigir e até publicar a sua matéria, isso não dispensaria a atuação de um jornalista enquanto profissional apto a adaptar o texto ao estilo jornalístico ou para hierarquizar as informações. O cidadão pode ter a criatividade, a curiosidade e uma boa redação. Mas ele não terá o nível de técnica suficiente que se aprende com a prática profissional associada à experiência universitária.

A nova geração de serviços de Internet (sintetizados no termo “Web 2.0”) pode contribuir para que cada vez mais pessoas possam colaborar na difusão de informações isentas e despretensiosas. Mas talvez não seja caso de dizer que o fim do jornalista está próximo. No máximo, ele terá que aprender a conviver com a concorrência de jornalistas cidadãos cada vez mais dedicados à produção amadora de notícias. Espaços para discussão como o proporcionado pelo evento da França são necessários para que os jornalistas desenvolvam a consciência crítica de que precisam ir além do fato noticiado se não quiserem perder espaço para o cidadão.

Para mais informações sobre o jornalismo cidadão, a revista Link do Estadão fez uma série de matérias sobre o assunto. (Aliás, o tema desta edição é o Second Life. Vale a pena conferir também). Há ainda o livro “We the media” e o site do Center for Citizen Media, ambos criados por Dan Gillmor.

Marcadores: ,


flickr
   

 feed

receba as atualizações do blog por e-mail



categorias academicismos
amenidades
blogs
direito
filmes
google
internet
livros
memes
mídia
orkut
politiquês
querido diário
stumbles
tecnologia


sobre
about me
del.icio.us
flickr
last.fm
orkut
43metas
nano novel
textos
flog
stumbleupon
Gilmore Girls





blogroll
animaizinhos toscos
argamassa
ariadne celinne
atmosfera
bereteando
blog de lynz
blog del ciervo ermitaño
direito de espernear
direito e chips
dossiê alex primo
efervescendo
enfim
every flower is perfect
garotas zipadas
giseleh.com
grande abóbora
hedonismos
il est communiqué
jornalismo de resistência
jornalismo na web 2.0
lavinciesca
marmota
novos ares
pensamentos insanos
rafael gimenes.net
reversus
sententia
universo anárquico
vidacurta.net
vejo tudo e não morro
w1zard.com


arquivo
agosto 2005
setembro 2005
outubro 2005
novembro 2005
dezembro 2005
janeiro 2006
fevereiro 2006
março 2006
abril 2006
maio 2006
junho 2006
julho 2006
agosto 2006
setembro 2006
outubro 2006
novembro 2006
dezembro 2006
janeiro 2007
fevereiro 2007
março 2007
abril 2007
maio 2007
junho 2007
julho 2007
agosto 2007
setembro 2007
outubro 2007
novembro 2007
dezembro 2007


etc.










Save the Net

Stumble Upon Toolbar

Creative Commons License

Official NaNoWriMo 2006 Winner