quarta-feira, 11 de outubro de 2006

  Do Relatório Macbride à Nova Ordem Internet[1]

O relatório Macbride[2] foi um documento publicado pela UNESCO[3] em 1980 com o objetivo de analisar os problemas da comunicação no mundo em sociedades modernas, principalmente a questão da comunicação de massa e a imprensa internacional. O projeto recebeu este nome porque o texto foi elaborado por uma comissão presidida pelo irlandês Seán MacBride, vencedor do prêmio Nobel da Paz em 1974 por sua luta pelos direitos humanos.
Segundo a Wikipedia, alguns dos problemas identificados no documento eram a concentração da mídia (poucos produtores detém/detinham o controle de muitos meios), a comercialização da informação (e o papel centralizador das agências de notícias norte-americanas e européias) e o acesso desigual à informação e à comunicação (mesmo com a previsão da proteção desse direito na Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948[4], ele não estaria sendo plenamente assegurado pelas legislações dos diferentes países). Outra questão fundamental diz respeito ao desequilíbrio nos fluxos de informação entre o primeiro mundo e os países em desenvolvimento.
A solução proposta pelo relatório era a de promover uma maior democratização da comunicação (a partir de um maior acesso às fontes de produção e maior acesso ao produto final) e o fortalecimento das mídias nacionais (para evitar as influências externas, como no tocante ao papel das grandes agências internacionais de notícias).
A elaboração do relatório faz parte da idéia da Nova Ordem Mundial da Informação e da Comunicação, um projeto internacional de reorganização dos fluxos globais de informação lançado em 1970 pelo movimento dos Países Não-Alinhados (e com o apoio da UNESCO).
Apesar da boa intenção, as medidas sugeridas pelo relatório não foram plenamente aplicadas. Os interesses dos envolvidos no projeto não são totalmente compatíveis com os interesses capitalistas dos produtores de informação. Com o passar dos anos, a pauta de discussões em comunicação na Unesco foi sendo modificada. Outros temas passaram a fazer parte das discussões da organização, como a democratização da informação e a sociedade da informação. Os temas ligados ao acesso ao ciberespaço, como a inclusão digital, foram bastante discutidos na Convenção de 2003 da Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação. Para Ignacio Ramonet, estar-se-ia caminhando em direção a uma Nova Ordem Internet.
A discussão quanto ao futuro da Internet é também relevante. Enquanto isso, entretanto, os temas ligados à produção da informação vão sendo deixados um pouco de lado...




Notas:
[1] Em clima de trabalho de Ética para a Comunicação sobre o Direito Social à Informação. Matéria medíocre, assunto interessante :P
[2] Também conhecido como “Um mundo, muitas vozes” (ou pelo nome “científico”, completo e original: Communication and Society Today and Tomorrow, Many Voices One World, Towards a new more just and more efficient world information and communication order)
[3] Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
[4] Artigo 19 Todo o homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios, independentemente de fronteiras (Declaração Universal dos Direitos do Homem, ONU, 1948)

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Comentários:

Blogger Gilberto Consoni disse:
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Blogger Gilberto Consoni disse:
Gabi,

Atentasse a um aspecto importante, que diz respeito a pluralidade dos meios de comunicação. O relatório da época identificou esse problema e continua ocorrendo. No Rio Grande do Sul, por exemplo, vemos uma única família proprietária dos maiores veículos de comunicação do estado. Isso ocorre em outros estados também. Agora, fica a pergunta, de que adianta garantir o direito à informação se os fatos passados são de uma única empresa??? :P Por que realmente é isso, a imprensa/empresa do Brasil vem cometendo esses enganos. Pode ser um pouco radical, mas se analisarmos a fundo existe um certo fundamento nessa história. Ainda bem que temos a Web que nos permite a livre expressão. Infelizmente, o acesso a limitado a uma pequeníssima parcela da população.

Bjos,

Gilberto
 


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