quinta-feira, 10 de maio de 2007

  Teoria da Comunicação

Uma das discussões interessantes que rolou em um dos GTs do Celacom foi sobre o fato de a Teoria da Comunicação ser ensinada nos primeiros semestres do curso e de forma totalmente desvinculada da prática. Não haveria mal nenhum em se ministrar a disciplina logo no começo do curso se ela não costumasse ser ministrada na forma expositiva clássica: um professor despeja as várias teorias na cabeça dos alunos; os alunos entram em colapso decorando nomes de teorias e suas respectivas explicações, e tudo isso para eles não faz o mínimo sentido. O resultado é um mar de alunos que acham a Teoria da Comunicação uma disciplina chata e tediosa, e são incapazes de perceber que ela é, na verdade, a base para todo o resto do curso (e justamente por isso deve ser ministrada logo de cara).

Os alunos sobrevivem à teoria e chegam ao final do curso. Lá na outra ponta, eles vão precisar se basear nessa teoria que (não) aprenderam nos primeiros semestres para poder redigir um trabalho de conclusão de curso decente. Só aí é que vão perceber o quanto a Teoria da Comunicação era importante, e terão que correr atrás do tempo perdido para recuperar a compreensão do conteúdo e a apreensão de conceitos que já deveriam ter sido assimilados muito tempo antes.

Alguns dos problemas apontados para a impopularidade da Teoria da Comunicação junto aos alunos seriam os professores despreparados para ministrar a disciplina (geralmente, a Teoria da Comunicação é dada por jovens professores, que ainda não possuem uma clara sistematização de todas as Escolas e da evolução da comunicação no país e no mundo), a forma excessivamente dogmática de ministrá-la (uma solução seria propor aos alunos aplicar as diferentes teorias estudadas a casos reais, a acontecimentos midiáticos que estejam em voga no momento em que se estuda determinada teoria) e o fato de que grande parte dos professores adotam uma corrente de pensamento (que quase nunca é a própria corrente latino-americana) e praticamente não falam sobre as outras. Isso contribuiria para outro fator relevante: a situação inusitada de que a Escola Latino-Americana de Comunicação (ELACOM) possua mais prestígio no exterior do que dentro da própria América Latina. Por aqui, predominariam professores e pesquisadores da linha frankfurtiniana, ou seguidores do funcionalismo norte-americano. Desse modo, costuma-se adotar uma perspectiva estrangeira para analisar fenômenos localizados, ao invés de se utilizar de uma teoria latino-americana para estudar objetos igualmente latino-americanos (o que pareceria bem mais lógico).

A conversa aconteceu no GT 3, Comunicação, Educação e Linguagens Educacionais, na quarta-feira à tarde, a partir da apresentação do trabalho da Dra. Maria Cristina Gobbi (da Metodista). O trabalho procurou sistematizar a evolução histórica do pensamento da ELACOM. A partir dessa sistematização, surgiu o questionamento de por que a maior parte dos presentes à sala nunca tinha estudado nada sobre a Escola Latino-Americana durante o curso de graduação. Uma coisa levou à outra, e acabou se tendo um interessante debate sobre o ensino da Teoria de Comunicação como um todo :)

Estou começando a pensar em rever minhas tendências frankfurtinianas. A crítica pela crítica não leva a nada – e o receptor nem sempre é assim tão passivo.

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Comentários:

Anonymous Anônimo disse:
Gabizago:

Tem hora em que acho esse tipo de matéria meio que chegada a masturbação intelectual, perdoe-me o termo.
Primeiro, professores incapazes não devem dar aulas de teoria se não sabem a matéria nem sabem comunicá-la.

Aulas teóricas têm que ser dadas por professores que cativem o estudantado. Além disso na era da Net, mais uso pode ser feito de retroprojetores c/ LCD.

Muitos "professores" estão enamorados de suas próprias vozes.
 


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