quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

  Ano novo, vida nova?

Não entendo por que as pessoas ficam tão entusiasmadas a cada ano novo. Em tese, há apenas uma mudança de calendário. Na prática, as segundas-feiras tediosas de trabalho continuarão a ser segundas-feiras tediosas de trabalho. A grande diferença é ter que se acostumar a colocar um sete ao invés do seis ao final da data em cada página, em cada texto, em cada anexo, em cada e-mail, em cada fax, em cada folha. Fora isso, muito pouca coisa muda. Fisicamente, há a mudança de calendário. Essa tarefa pode ser particularmente complicada para pessoas que possuem vários calendários de papel, dos mais variados formatos e estilo em sua casa - desde o clássico ímã de geladeira com as folhinhas que vão sendo removidas à medida que os meses vão passando, até o grande calendário promocional de parede. Há também aqueles calendários triangulares que se costuma colocar sobre a mesa. Uma solução para isso seria se adotar calendários multianuais. A troca continuaria a ter de ser feita. Mas em espaços temporais bem mais distantes um do outro.
Outra mudança diz respeito ao fato de que estaremos ainda mais próximos de completar mais um ano de vida. A mudança de ano tem o poder de constatar a passagem inexorável do tempo. A cada ano ficamos um ano mais velhos, um ano mais distantes do instante do nosso nascimento e um ano mais próximos do final – embora não se tenha como saber quando é esse tal de final.
Também pode acontecer, a cada dois anos, e por conveniência da troca de ano no calendário, a troca dos governantes no poder. Este ano teremos uma nova governadora. O presidente continuará o mesmo. Daqui a dois anos muda o prefeito da cidade. E assim por diante e sucessivamente. Mas essa mudança não precisaria ser feita exatamente no primeiro dia de um novo ano. Apenas é feito assim por conveniência e praticidade - ora, faz sentido iniciar o ano com uma estrutura de governo inteiramente nova. Pra que mudar em julho deste se se pode mudar em janeiro do próximo ano?
Nos países do hemisfério sul, a mudança de ano também corresponde a uma mudança de ano no calendário escolar. Ano novo, nova série. Em faculdades isso geralmente não acontece porque a estrutura curricular é semestral, e, mesmo nas que são anuais, muitas instituições permitem o ingresso no meio do ano. Mas nas escolas, sim. E como passamos cerca de onze anos na escola, trata-se de um fato bastante relevante. Mas e o que dizer do pessoal que vive no hemisfério norte? Por lá, as escolas costumam ter o começo do ano letivo no meio de um ano para terminar no meio do ano seguinte. Será que por lá o ano novo não deveria ser comemorado no meio do ano? Não, porque as escolas seguem na verdade o ciclo de estações do ano. Aqui no Brasil é apenas uma fatídica coincidência que a cada ano corresponda a um novo período escolar. Poderia ser diferente.
Mesmo que na prática não haja muita diferença na mudança de um ano para outro, o grande reflexo disso tudo pode ser percebido na atitude das pessoas. São as pessoas que fazem com que a mudança de ano seja um grande acontecimento. E assim, costumam projetar grandes expectativas com relação ao ano que se inicia, mesmo que, em tese, nada seja diferente do ano que recém termina. Todos traçam metas improváveis, criam planos mirabolantes, planejam o impossível, na esperança vã de que o ano novo represente uma nova vida. O que se cria é uma estrutura artificial, um ano novo fictício. Mas ao final do ano seguinte essas mesmas pessoas constatarão, resignadas, que nada mudou. Tudo continuou igual, e, por isso, projetam no ano seguinte aquilo que não conseguiram realizar no ano que está por terminar. E o ciclo continua. E a cada ano se comemora a chegada de um novo ano, como se a mera mudança no calendário fosse capaz de nos trazer um novo sopro de vida...

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Comentários:

Anonymous Anônimo disse:
Ano Novo é igual às segundas-feiras, promessas e mais promessas. O novo na verdade, quem faz é cada um. A gente não precisa de data marcada para começar a mudar, eu pelo menos prefiro adotar pela eterna mudança (de endereço tb pelo rumo das marés).
 
Anonymous Anônimo disse:
Vamos falar do seu texto:

NÃO GOSTEI!
"Pouca coisa muda?".. Nopz.. por exemplo, eu como Economista e como você citou superficialmente, vou analisar o setor financeiro, por exemplo cria-se uma nova expectativa para o PIB desse ano, com um "novo mandato" há a "renovação" na política, em 2007 é ano de PAN no Brasil (ano passado não teve, já é coisa nova), Certas pessoas traçam metas e cumprem, em estudar MUITO para passar no vestibular, concursos, de ano letivo, isso porque estou citando baixo, vamos falar das pesquisas que podem vim em 2007, Um estilo novo na internet de comunicação (ex. do youtube esse ano), Uma nova vacina, descobertas.. Enfim.. poderia passar mais tempo comentando sobre isso, mas acho q vc foi muito fraca ao condenar 2007 como se nada fosse vir como novo!!!
"Fisicamente, há a mudança de calendário"! Não comece o ano negativa, somos brasileiros, a cada ano (na verdade a cada momento, mas virada de ano é psicológico e isso influencia positivamente para mudarmos, o ser humano gosta de estipular uma data para começar a mudar, um marco, e virada de ano é uma data especial)!!!
Quando você diz sobre a idade.. quantas pessoas irão completar 18 anos esse ano e estão super feliz com o 2007?! :P
Claro.. a vida é uma contradição, como você mesmo disse, quanto mais velho fica, menos tempo temos.
Bom.. daqui a pouco é um outro post no comentário. Resumindo.. Não gostei do seu post e acho que você escreveu em um momento nada bom e por isso não foi um bom texto, sei que você poderia ter feito melhor!!! ;D

Beijossss..
 
Anonymous Anônimo disse:
Em inglês a gente diz "Same sh*t, different day." É por aí o teu raciocínio, certo? São poucos os privilegiados que terão dez eventos muito diferentes em suas vidas. O resto vive sua vida de formiguinha, como Monteiro Lobato dizia.
 
Blogger Maltut disse:
Feliz 2007!!!!
 
Blogger Gabriela Zago disse:
Cristian: minha intenção não era criticar o ano novo em si, apenas o fato de que se cria toda uma grande expectativa com relação à mudança de ano, quando, na verdade, nada muda (exceto o calendário) - por isso chamei de "ano novo fictício" -- e mais uma vez acho que não estou conseguindo ser compreendida :P
mas, enfim, a idéia não era criticar o ano novo e dizer que NADA muda... e sim dizer que em tese continuará sendo tudo a mesma coisa :P (todas as mudanças são artificiais).
de qualquer modo, gostei do tamanho e da qualidade do comentário :D
 
Anonymous Anônimo disse:
Gabriela... aheuheauhaeuaehuaeuae.. parece falando sério!!! ¬¬
Olha a discussão!! xD.. ehehehehe

Bom.. acho que você quer dizer o seguinte: "Ano novo", mas no geral e para muita gente é o mesmo!
Vamos aos exemplos.. ehehehehehe.. continuando com o meu raciocínio.. Sempre teremos pessoas completando 18 anos a cada ano, teremos a famosa expectativa em relação ao PIB, algo novo na internet é anunciado, estudantes q querem passar no vestibular, gente estudando pra concurso, alguma notícia de abalar o mundo (como Plutão não ser considerado mais planeta! =X), alguma guerra irá acontecer, ou um grande atentado, uma catastrofe da natureza, Cuiabá MAIS QUENTE (Ó céus, a cada ano eu vejo que planeta fica mais quente e eu sofro com isso.. eheuaheuahuhae).. enfim.. É um "Ano Novo", mais olhando a grosso modo é igual. Acho que seria isso que vc quer dizer, não?!
Se for isso eu entendi, mas continuo discordando.. porque sim, são iguais, mas é um igual novo!!!
Por isso Ano (todos anos acontece) Novo (porque é novo)!!! HAEUHUAEHUAEHUAEHUH.. não acredito que disse isso!!! xD
Concluindo.. já foi discutido e cada um apresentou sua parte.. pronto, acabou!!! Já pensou se todos fossem igual, com o mesmo pensamento?! ;D

Beijossss..

P.S.: Me espanto com o meu comentário pequeno!!! xP
 
Blogger Gabriela Zago disse:
hehehe
é, não faz sentido ficar argumentando... nossos pontos de vista são discordantes :) yay! é legal quando isso acontece - demonstra o quanto o mundo é plurívoco :D
mas insisto no ponto de que toda a idéia de ano novo é algo imposto a nós, é um ano novo fictício (e todos os setores da economia, e da vida, acabam se adaptando à ficção, e todos sentem que está tudo diferente, quando na verdade tudo é igual). -- se bem que, seguindo nesse raciocínio, pode-se até mesmo dizer que a própria divisão do tempo é fictícia (e é), e, nesse caso, não faria sentido dividi-lo em períodos regulares...
Enfim... ;P Valeu pelos comentários! :D
 
Blogger w1zard disse:
trabalhei na sexta anterior ao natal e no dia 26. 3 dias de folga.

trabalhei até meio dia no dia 29 e ganhei folga no dia 2, mas muita gente trabalhou por aqui. 4 dias e meio de folga.

se nao fosse esse dia, minha virada de ano nao teria sido melhor do que o feriado de finados, quando tive 4 dias de folga.

as contas nao somem graças a mudança de ano. tudo continua igual e nao entendo como algumas pessoas ainda se iludem com isso.
 


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