segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

  As Cidades Invisíveis

As Cidades Invisíveis, de Italo Calvino, é uma obra composta de cinqüenta e cinco breves descrições de cidades, intercaladas com diálogos entre o veneziano Marco Polo e o imperador oriental Kublai Khan. As cidades são descritas por Marco Polo, a partir de suas andanças pelo império de Kahn. Mas Polo não descreve as cidades fisicamente, como seria de se esperar, mas sim de uma forma metafórica, explorando aspectos como as cidades e os símbolos, as cidades e o desejo, e as cidades e a memória – enfim, Calvino humaniza as cidades (e isso fica ainda mais explícito quando se percebe que os nomes das cidades são, na verdade, nomes de mulheres).
Kublai Khan, apesar de ser imperador, não conhece grande parte de seu reino, e por isso se interessa pelos relatos de Marco Polo sobre as cidades por ele visitadas. Nos diálogos que abrem e fecham os “capítulos” (na verdade, blocos de cinco a dez cidades, aparentemente reunidas ao acaso, sem que haja algum elo ligador entre elas), Polo e Khan discutem sobre assuntos os mais diversos, como a condição humana ou lingüística, num duelo intelectual interessante, mas que não chega a ser o ponto alto do livro. O principal mesmo são as descrições das cidades, todas elas feitas na forma de narrativas breves, em tom poético, com aspectos que nos fazem lembrar de cidades que conhecemos, ou que então nos fazem parar para refletir como seria se um lugar tal qual o descrito na obra realmente existisse. Embora as cidades pareçam à primeira vista sistematizadas em uma determinada ordem e agrupadas por estilo, não é preciso percorrer o livro em uma ordem predeterminada. Cada breve narrativa (de cerca de três páginas) encerra em si própria toda a descrição necessária, de modo que se torna possível ler as descrições em uma outra ordem, e faz com que a obra se aproxime de noções como o hipertexto (numa noção beeem ampla, por conta da não-linearidade da leitura, no sentido de que o caminho de leitura pode ser criado e percorrido de uma forma diferente por diferentes leitores – embora na prática, para que fosse hipertexto de verdade, talvez fosse preciso haver remissões internas a outras partes do texto – tipo uma cidade indicar a outra) ou obra aberta (o leitor/intérprete participa e preenche os espaços).

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Comentários:

Anonymous Anônimo disse:
bi, n acredito!!
vc leu esse livro!! q massa!!
no 2o semestre tive um trab sobre esse livro: cada dupla fez uma maquete a partir do texto d uma cidade invisível :D a minha cidade foi Otávia!
fiquei facinada qnd li... e queria ler o livro todo, mas depois esqueci d pegar na biblioteca (final d semestre, ferias, etc) hehe x)
puxa.. adorei vc ter me lembrado :)

bjos :***
 
Blogger Gabriela Zago disse:
e eu só li pq lembrei da sua Otávia do fotolog :D
 
Anonymous Anônimo disse:
As "cidades invisíveis" são um dos mais belos exemplos do universo labirintico e infinito, em que todas as cidadelas são iguais, e cada uma é única. Como as mulheres. E sendo Polo e o Kahn dois homens em troca fraterna de aventuras, a cidadela assume-se como o código de outras conquistas a que se saltou a muralha, de outras individualidades de que a memória perdeu quase o nome, mas se lembra do perfume, da cor, de pequenos detalhes numa varanda em certa noite..
 


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