sábado, 30 de setembro de 2006

  Vôo 1907 da Gol: os paradoxos tradicionais de uma cobertura online em ‘tempo real’

Para quem estava em Marte nas últimas 15 horas, o vôo 1907 da Gol partiu de Manaus, ontem, por volta das14h da tarde, e tinha pouso previsto para às 18h em Brasília. Mas o avião caiu no meio do caminho, depois de bater em pleno vôo com um avião menor (aliás, a colisão no ar é uma mera hipótese, nada está confirmado ainda). O avião menor, um jato Legacy da Embraer, mesmo com parte da asa e a cauda destruídas, conseguiu fazer um pouso forçado. Ninguém se feriu. Já os passageiros e tripulantes do Boeing 737-800 da Gol não tiveram a mesma sorte: o avião caiu no meio da floresta amazônica. É altamente provável que os 155 passageiros e tripulantes do vôo da Gol tenham morrido – o que torna este, pelo elevado número de vítimas, o maior acidente da história da aviação civil brasileira.
Desde ontem às 22h, quando a companhia liberou as primeiras informações de que o avião teria desaparecido, vários veículos vinham fazendo a cobertura do caso ao vivo. Emissoras de rádio e programas de televisão liberavam fatos não confirmados de tempos em tempos, como uma forma de manter as pessoas informadas. Na Internet também. A diferença é que na web a informação errada fica armazenada, e pode ser consultada mais tarde. Os equívocos ficam mais evidentes, portanto. E as burradas permanecem no ar por toda uma eternidade.
Isso decorre de uma das características do jornalismo online (a memória, manifestada pela possibilidade de criar banco dados com as informações prestadas em tempo real). Combinada com a busca da velocidade, exigida e possibilitada pelo meio online, o resultado pode ser desastroso (como se não bastasse o fato de que a queda do avião por si só já ter sido um desastre). Outras características do jornalismo na web incluem a interatividade, a hipertextualidade, a multimidialidade, as possibilidades de participação e personalização, etc.
Um caso bem pontual para ilustrar o que estou tentando dizer: esta notícia da Folha Online, posta no ar às 17h11 de hoje, apresenta aspectos um tanto paradoxais. O título dá como confirmado que todos os passageiros estariam mortos. Mas o texto apresenta algumas ressalvas quanto à afirmação. Vários sites noticiaram o mesmo fato (tendência generalizada no jornalismo online: uns copiam dos outros, todos recorrem às mesmas fontes). A Agência Estado chegou a liberar uma nota com a correção da informação.
Ao longo do dia, pelo menos na Folha Online, quase todas as matérias traziam uma recapitulação dos fatos até então. Ótimo para quem estava tomando conhecimento pela primeira vez do fato. Terrível para quem estivesse acompanhando o desenrolar dos acontecimentos desde o princípio. Mesmo assim, não deixa de ser interessante o fato de que os sites tenham se esforçado em fazer a cobertura ao vivo do acontecimento, muitas vezes sendo até mais rápidos que a televisão na divulgação dos fatos (na Folha Online, por exemplo, há mais ou menos uma nova informação a cada 15 minutos). Parece que o jornalismo online está finalmente começando a se consolidar como um meio idôneo para a busca de informações em tempo real (apesar dos erros, apesar da velocidade, apesar de tudo). Já a aviação civil comercial brasileira...

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Comentários:

Blogger tina oiticica harris disse:
Recebi a cobertura feita pela Orkut, parece estranho, não é? Mas foi. Havia muita gente que era da orkut e a galera ligada a eles se mobilizou.

Muito triste. Não acompanhei os detalhes porque não sei se você sabe que estou com problemas para digitar e tenho que encontrar um programa de reconhecimento de voz pra o português e para o Macintosh.

Só estou fazendo meus comentários e muito poucos.

Há posts que vocie não conhece nos dois no UA e no Universo Anárquico.
 
Anonymous Anônimo disse:
eu acredito q eles estão vivos (alguns morreram, n os 150 passageiros)!!
eh tipo LOST em versão brasileira :P
 


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