sábado, 10 de dezembro de 2005

  O homem que confundiu sua mulher com um chapéu

O homem que confundiu sua mulher com um chapéu Em "O homem que confundiu sua mulher com um chapéu", o neurologista anglo-americano Oliver Sacks transforma relatos clínicos de seus pacientes em verdadeiros ensaios literários. Com sua narrativa, o médico-autor consegue ir muito além do mero registro científico de distúrbios cerebrais, o que transforma sua obra num verdadeiro tratado sobre a convivência humana. Os personagens ali retratados são representados como figuras verdadeiramente humanas, que, apesar de seus problemas neurológicos, ainda encontram uma maneira de viver (nem que seja uma vida "humeana", aquela em que viver é acumular sensações).
É o caso dos irmãos gêmeos que desenvolveram um espetacular raciocínio numérico, e se divertiam pensando em números primos de várias dezenas. No entanto, com desenvolvimento mental retardado, eram incapazes de efetuar as mais simples operações matemáticas. Situação semelhante é a vivida pelo simpático dr. P, cujo caso serve de título à obra. Músico respeitadíssimo, ele era incapaz de reconhecer rostos humanos. Embora sua visão fosse normal, ele sofria de agnosia visual: o que lhe faltavam era a capacidade de associar o que via ao que aquilo significava. Ele não percebia os objetos pelo que são, mas por suas características. Ao invés de raciocinar por analogia, como fazem as pessoas "normais", seu cérebro operava por deduções. E, preso a um mundo abstrato de características aparentemente dissociadas a suas significações, ele confundia não só a cabeça de sua mulher com seu chapéu, como também o próprio pé com o sapato. Outros casos interessantes são o da mulher que perdeu a propriocepção (espécie de sexto sentido, aquele que é formado pela associação das sensações que nos permitem manter o equilíbrio); o do cara que perdeu sua memória até uma certa data, e para ele, desde então, literalmente, todo dia era um novo dia; o do rapaz que perdeu o olfato, e com o tempo passou a viver da memória que tinha dos cheiros; além de alguns casos de pessoas que sentem dores em membros amputados ("fantasmas").

Os relatos do livro introduzem personagens aparentemente fantásticos, mas que, por mais inusitado que possa parecer, são representantes da vida real, possuem problemas reais, que exigem soluções reais, e estão ali para nos fazer aprender um pouco mais sobre a necessária convivência humana. Cada ser humano é diferente do outro, e todos têm seu potencial a desenvolver. Ninguém é perfeito. Certas pessoas nunca poderão fazer certas coisas, mas não custa nada tentar melhorar... E é essa a mensagem que o livro tenta nos passar. Há casos difíceis, mas nada é tão impossível que não se possa encontrar uma saída.

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