terça-feira, 22 de novembro de 2005

  Se um viajante numa noite de inverno


Numa mistura de crítica literária e romance de ficção, "Se um viajante numa noite de inverno", de Italo Calvino, é uma obra em que a participação do leitor não é relegada ao segundo plano como nos romances tradicionais.
O personagem principal da obra é o Leitor, e sua missão é ler livros. Só que, estranhamente, todos os livros que ele lê (e você os lê junto!) são interrompidos de forma misteriosa por motivos os mais diversos. E nessa colagem de textos distintos, nesse emaranhado de romances que começam e não terminam, você (que em certo ponto já começa a se confundir com o Leitor) sente-se indignado junto com o personagem, pois também tem interesse em saber o que aconteceria além do que foi lido, ao mesmo tempo que se sente curioso em saber o que vai acontecer com o Leitor, e também em seu envolvimento com a Leitora. Enquanto ao Leitor Calvino atribui apenas traços vagos e indeterminados (para que o leitor comum possa se identificar com ele e se sentir parte importante da história), a Leitora possui nome e atributos físicos e psicológicos bem determinados: ela representa uma leitora de tipo ideal, que adquire o prazer máximo de todo livro que coloca nas mãos.
O livro é complexo e interessante. As dez histórias, escritas por um autor que se desdobrou em dez autores para poder fazê-las tão distintas, funcionam como uma verdadeira crítica à literatura contemporânea que, baseada na superficialidade dos best-sellers e na falta de tempo dos leitores, falha em fazer aquilo que os livros do passado melhor sabiam fazer: criar uma história completa, com começo, meio e fim.
Como uma espécie compensação ao esforço de tentar entender esse verdadeiro entrelaçamento de textos, o final do livro acaba sendo duplo: há um desfecho para o caso dos dez trechos inacabados, e há um final feliz (previsível e anunciado mais de uma vez ao longo do livro) para o Leitor e a Leitora.

[E é impossível dizer algo mais sobre o livro, sob pena de contar o final e fazer perder toda a graça :P]

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Comentários:

Anonymous Anônimo disse:
Apesar de que o post é antigo é ainda muito válido! Este livro é fantástico e outros títulos do Calvino são muito interessantes.

Abraço!
 


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